Maria Margarida Soares Baptista

Maria Margarida Soares Baptista Licenciada em Psicologia e
Mestre em Psicologia Clínica - ISPA IU /
Membro Efetivo da Ordem Dos Psicólogos / Especialização em Psicologia clínica

03/07/2024

O Papel das Emoções na Tomada de Decisões: Como as nossas Emoções Influenciam as Nossas Escolhas

Já alguma vez se questionou por que em determinados momentos fez escolhas completamente irracionais, por que fez aquela compra por impulso, por que disse aquela palavra sem pensar?
Por que motivo tomou aquela decisão que, à primeira vista, parecia tão certa, mas depois percebeu que foi precipitada?
Ou já lhe aconteceu tomar uma decisão impulsiva num momento de raiva ou fez uma escolha que no momento parecia lógica, mas foi guiada pelo medo?

A resposta reside num aspecto fascinante da nossa mente: o poder das emoções na hora de decidir.

Emoções
As emoções são como um guia secreto que influencia quase tudo o que fazemos.
Elas moldam as nossas escolhas de forma surpreendente, muitas vezes sem que nos apercebamos.
Hoje vamos desvendar como funciona essa conexão e descobrir alguns segredos sobre como as nossas emoções realmente influenciam as nossas decisões.

Emoções: o GPS interno
Imagine as emoções como um GPS interno sempre a apontar a direção que deve seguir.
Quando estamos felizes podemos sentirmo-nos mais confiantes para arriscar. Quando estamos tristes ou com medo, tendemos a ser mais cautelosos.
Este GPS emocional está sempre em ação, ajudando-nos a navegar por situações complexas e a tomar decisões rápidas.

Emoções Fortes: os aceleradores de decisões
Já notou como é fácil tomar decisões no calor do momento? Quando estamos tomados por emoções intensas, como raiva ou alegria, o nosso cérebro pode entrar em modo de resposta rápida. Isso pode nos levar a agir impulsivamente — como responder de forma agressiva a um e-mail irritante ou comprar algo só para nos fazer sentir melhor.
Essas decisões rápidas acontecem antes que a parte lógica do cérebro entre em ação.

Emoções e Atalhos Mentais
A nossa mente adora atalhos para facilitar a nossa vida e as emoções são os guias desses atalhos.
Se, por exemplo, tivemos uma experiência negativa recentemente, como um enorme susto, é muito provável que vejamos ameaças em situações que normalmente não seriam preocupantes.
As nossas emoções criam esses atalhos, influenciando as nossas percepções e, claro, as nossas decisões.

Agora que sabemos o quanto as emoções afetam as nossas escolhas, como podemos utilizá-las a nosso favor?
Como transformar as emoções em aliadas na tomada de decisões?

Como Tomar Decisões Mais Inteligentes Usando as Emoções

1. Identificar as Emoções
Começar por reconhecer como nos sentimos.
Perguntar: "Qual é meu estado emocional agora?"
Apenas identificar as emoções pode ajudar a dar uma pausa antes de agir, permitindo decisões mais pensadas.

2. Encontrar o nosso Centro
Práticas como Mindfulness e Respiração Profunda podem ser verdadeiros superpoderes para manter as emoções sob controle. Estas técnicas ajudam a manter a calma e a clareza, mesmo quando se está perante decisões difíceis ou stressantes.

3. Ponderar Antes de Agir
Para decisões importantes é necessário dar um tempo a nós mesmos para analisar a situação.
Elaborar uma lista de prós e contras e pensar nas consequências a longo prazo ajuda-nos a equilibrar as nossas emoções com a razão.

4. Antecipar as Emoções Futuras
Tentar prever como nos iremos sentir depois de tomar uma decisão. Isto permite fazer escolhas que não só façam sentido no momento, mas ,também, tragam satisfação a longo prazo.

5. Pedir Opiniões
Conversar com alguém de muita confiança pode fornecer uma perspectiva valiosa. Por vezes, um ponto de vista externo ajuda a ver além das nossas emoções e a tomar decisões mais equilibradas.

Torne as Emoções Suas Aliadas!
As emoções não são inimigas da razão; na verdade, elas são grandes aliadas!
Elas fornecem insights valiosos que, quando bem compreendidos e administrados, podem melhorar significativamente a qualidade das nossas decisões.

28/06/2024

Ansiedade, Pânico?
A.C.A.L.M.E.- S.E: técnica para controlar Crise de Ansiedade e Ataques de Pânico

Embora possa parecer absurdo, para lidar de forma eficaz com um estado de Ansiedade ou de Ataque de Pânico é necessário aceitá-lo completamente.
Permanecer no momento presente e aceitar o que se está a sentir faz com que o mal-estar se desvaneça.
Hoje vamos aprender como gerir com sucesso esses estados através da técnica mnemónica A.C.A.L.M.E.-S.E..

A.C.A.L.M.E.-S.E.
A técnica A.C.A.L.M.E-S.E é utilizada como uma ferramenta para gerir e lidar com as sensações e pensamentos que ocorrem durante uma crise de Ansiedade ou Ataque de Pânico.

Cada letra da palavra A.C.A.L.M.E.-S.E. representa um passo necessário para lidar de forma adequada perante uma situação percebida como ameaçadora (tais como a iminência de novas sensações corporais), permitindo alcançar um estado de profundo alívio dos sintomas.

Vamos começar?

A - Aceite a sua ansiedade
Substitua o medo que sente por aceitação.
Não lute contra as sensações. Ao resistir-lhes prolonga o seu sofrimento, pois estará a intensificar o seu desconforto.
A ansiedade em si não é um problema. O problema está na forma em como a pessoa sabe lidar com a adrenalina ou como aprendeu a usá-la a seu favor. Verdade!
Ao dizer para si mesm@ "Tem calma" ou "Relaxa", está (na realidade) a fazer exatamente o contrário. Ou seja, implicitamente está a confirmar e reforçar que a ansiedade é má e, portanto, deve temê-la.

C - Contemple as coisas à sua volta
Descreva para si o que observa no exterior. Isto ajuda-@ a afastar-se da sua observação interna. Quanto mais puder separar-se da sua experiência interna e ligar-se aos acontecimentos externos, melhor irá sentir-se.

A - Aja com a sua Ansiedade/Pânico
Aja como se não estivesse ansios@ ou em pânico: diminua o ritmo, a velocidade da atividade que está a realizar no momento, mas não deixe de a fazer. Mantenha-se ativ@!

L - Liberte o ar dos pulmões.
MUITO DEVAGAR, respire calmamente, inspirando o ar pelo nariz (contando até três), sustenha a respiração (conte novamente até três) e expire longa e suavemente pelo nariz (contando até seis).

M - Mantenha os passos anteriores.
Repita passo a passo cada etapa anterior.

E - Examine os seus pensamentos.
Examine o que os seus pensamentos lhe dizem.
O que está a dizer para si mesm@?
Reflita.
Há outras formas de entender o que está a acontecer?
Lembre-se, sempre: apesar de ser extremamente desagradável o que sente durante uma crise de Ansiedade ou durante um Ataque de Pânico, o que está a sentir irá passar em breve.
Afinal, foi exatamente o que aconteceu das outras vezes em que se sentiu assim, recorda-se? Passado algum tempo todas aquelas sensações desagradáveis desapareceram.

S - Sorria, você conseguiu!
Agora merece todo o crédito e reconhecimento por ter conseguido ACALMAR-SE e superar este momento.
Não considere como sendo uma vitória, pois não havia um inimigo.

E - Espere o futuro com aceitação.
Evite o pensamento fantasioso de que nunca mais irá sentir ansiedade. Ela acomete-nos a todos.
Em vez de considerar que se "livrou" dela deixe-se surpreender pela forma como lida com ela, precisamente como acabou de fazer. Sinta orgulho de si!
Sabendo que existe a possibilidade de voltar a sentir ansiedade, lembre-se de que agora tem toda a capacidade de a resolver com toda a eficácia.

Pratique esta técnica e observe a sua evolução.

Atenção:
1) Esta técnica atua apenas nos sintomas e não na raíz do problema subjacente. Como tal, não substitui uma avaliação e/ou acompanhamento psicológico.
2) Só é possível considerar os sintomas ou sensações como uma crise de Ansiedade ou de Pânico após avaliação médica para afastar outras causas, tais como problemas cardíacos ou da tireóide.

12/06/2024

Vamos falar sobre Ansiedade? (Parte I)

Seja por se tratar de um transtorno mental cada vez mais comum e prevalente, seja pelos seus sintomas que podem gerar um enormíssimo desconforto, a ansiedade é um tema que continua a despertar muito o interesse das pessoas.
Assim sendo, hoje vamos falar sobre o que é a ansiedade e como ela funciona.

A ansiedade não é apenas considerada normal, ela é considerada essencial.
Para entender esta lógica temos de saber um pouco o que são as emoções e qual é o seu papel na nossa vida.

As emoções são fenómenos complexos que envolvem uma forma de pensar, afetam o nosso corpo e a nossa forma de agir.
Cada uma das emoções básicas – alegria, medo, raiva, nojo e surpresa - envolve uma expressão facial diferente e uma reação fisiológica correspondente. São sensações intensas desencadeadas por uma avaliação que fazemos de determinada situação. Essa avaliação pode ser consciente ou inconsciente e é realizada por fenómenos e vias neurais que descodificam as informações de forma mais rápidas ou mais lenta. As emoções desempenham uma função evolutiva primordial que visam, em primeira análise, ajudar-nos a sobreviver e a transmitir os nossos genes. Neste sentido, as emoções são fundamentais para a sobrevivência da espécie.

Os estados emocionais são definidos no tempo de duração da emoção. Por exemplo: as reações fisiológicas que incluem expressões faciais duram alguns segundos, por sua vez uma emoção dura entre alguns segundos e algumas horas. E se passa a existir uma tendência a repetir-se com muita regularidade, tal é entendido como um traço de personalidade.
Dentro desta lógica, a ansiedade é uma emoção que deriva do medo e a sua definição é ser uma antecipação de um futuro perigo. Logo, a função da ansiedade é preparar-nos para lidar com algum tipo de ameaça.

Foi em 1915 que Walter Cannon, psicólogo em Harvard, cunhou a expressão “resposta de Luta ou Fuga” para descrever o sistema da ansiedade. A partir dessa definição de luta ou fuga ficou entendido todas as respostas fisiológicas da ansiedade.
Estas são basicamente dirigidas pelo nosso Sistema Nervoso Autónomo (especificamente o Simpático) que emite respostas de preparação em forma de sintomas como: elevar o nosso o batimento cardíaco, dilatar as nossas pupilas, retirar sangue das extremidades para áreas que precisam de mais irrigação sanguínea.
A partir de então houve um entendimento mais completo da ansiedade e concluiu-se que ela se divide em três grandes dimensões: a dimensão fisiológica, a dimensão nos nossos pensamentos e o modo como nos comportamos.

Ficámos, portanto, a saber que não é uma situação que nos faz sentir ansiosos, mas sim a forma como interpretamos determinada situação ou acontecimento.
Mas, se é assim, podemos perguntarmo-nos por que motivo é que duas pessoas que vivenciam exatamente a mesma situação podem ter reações diferentes? Uma tem uma interpretação que a leva a sentir-se ansiosa e a outra não?
A explicação para tal está baseada no nosso sistema de crenças.

O nosso sistema de crenças vai sendo formado ao longo da nossa vida a partir de todas as experiências pelas quais vamos passando, das pessoas com quem vamos convivendo, nas informações que vamos recebendo. Este sistema funciona justamente para gerar uma previsibilidade. Para que possamos ter avaliações muito rápidas das situações que vêm precisamente dos nossos pensamentos automáticos que, por definição, são pensamentos espontâneos que trazem à tona crenças muito enraizadas.
Contudo, algumas vezes este nosso sistema de crenças contém algumas informações que não são tão funcionais para a nossa vida. Por exemplo, são algumas regras comuns: “Tenho de ter tudo sob controle” ou “É melhor imaginar que o pior vai acontecer”.
Quando acreditamos neste tipo de crenças geralmente estamos a subestimar a nossa capacidade de lidar com problemas.

Mas então, se os pensamentos das pessoas que têm ansiedade são distorcidos, exagerados e elas acabam a maior parte do tempo a pensar sobre coisas que nunca vêm a acontecer de facto, por que motivo esses pensamentos não mudam baseados numa realidade em que teoricamente a experiência iria mostrar que as coisas de facto não iriam ser assim como pensavam?
Bom, isso não acontece porque dentro do funcionamento da ansiedade existe mais um elemento que mantém esse círculo. Esse elemento é denominado de comportamento de segurança.

Os comportamentos de segurança são atitudes projetadas de uma forma consciente ou inconsciente para tentar evitar aquilo que se teme. Tomemos como exemplo as pessoas que têm medo de situações sociais, tais como ir a uma festa ou sair com amigos. Ainda que essas situações sejam prazerosas e não representem perigo algum, estas pessoas vão tentar fugir delas não comparecendo ou, caso não consigam evitar, vão acompanhadas. Também podem ir com uma roupa muitíssimo discreta para passarem despercebidas ou tentar chegar primeiro.
A grande questão é que embora esses comportamentos de segurança acabem por momentaneamente reduzir um pouco a ansiedade, eles impedem que a pessoa verifique o quanto aqueles pensamentos que tinha sobre o evento eram distorcidos, adquirindo outras evidências.
E, assim, a ansiedade mantém-se a longo prazo.

Outra distorção comum que acontece é baseada no viés cognitivo.
Viés cognitivo é um erro sistemático de pensamento que ocorre quando as pessoas estão a processar e interpretar informações do mundo ao seu redor e que afeta as suas decisões e julgamentos.
Tal significa que elas vão ter um foco excessivo para prestar atenção em situações e/ou atitudes dos outros que acabam por confirmar aquela crença irracional que têm.
Entretanto, o viés cognitivo desconsidera que existem outros elementos que possivelmente desconsiderariam tudo isso e as pessoas acabam por se focar única e exclusivamente naqueles detalhes.
Tomando o anterior exemplo da festa: a pessoa chegou e alguém não a cumprimentou. A partir desse momento vai desconsiderar todas as outras pessoas que a cumprimentaram e falaram com ela.

Entendido agora que a ansiedade é uma emoção natural, para terminar vamos falar sobre a causa dos transtornos de ansiedade.
Atualmente já se tem bem estabelecido que é uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Estima-se que a hereditariedade corresponda aproximadamente entre trinta a quarenta por cento da predisposição para transtorno da ansiedade e que os outros sessenta ou setenta por cento ficam a cargo de fatores ambientais, nomeadamente traumas e eventos perturbadores, a forma como os pais criaram os filhos, o estilo de vinculação e aprendizagem.
Algumas características de personalidade, como ser perfeccionista ou ter uma tendência para preocupação excessiva, podem aumentar o risco de desenvolver ansiedade. Outro fator desencadeaste prende-se com a dificuldade em lidar com emoções intensas e situações stressantes.
Este entendimento de que a causa dos transtornos mentais é multifatorial ajudou definitivamente a explicar o motivo por que algumas pessoas desenvolvem um transtorno e outras não.

E por hoje terminamos.
Na próxima semana falaremos sobre uma técnica comprovadamente eficaz para lidar a ansiedade.

Até lá!

04/04/2024

Perturbação Bipolar (Parte II): Relacionamentos Saudáveis 🤝💖

A Perturbação Bipolar é uma condição complexa que não afeta somente o indivíduo diagnosticado, mas também os seus relacionamentos interpessoais, incluindo os românticos. Hoje falaremos sobre como cultivar relacionamentos saudáveis e gratificantes.

Compreensão da Perturbação Bipolar: 🧠

A Perturbação Bipolar é caracterizada por flutuações extremas de humor, incluindo episódios de mania, hipomania e depressão. É crucial compreender os diferentes estágios e sintomas dessa condição para oferecer apoio eficaz ao parceiro afetado.

Afeto e Empatia: ❤️

Segundo a teoria da vinculação (John Bowlby), o conceito de vínculo seguro destaca a importância de construir uma base sólida de segurança emocional e confiança mútua no relacionamento. Isso significa estar presente de maneira consistente, oferecendo apoio emocional e prático durante os momentos de crise.
Ao demonstrar afeto, empatia e compaixão genuínos cria-se um ambiente seguro para que ambos os parceiros compartilhem as suas experiências emocionais. A empatia é fundamental para validar os sentimentos do parceiro e fortalecer o vínculo emocional.
A capacidade de criar um ambiente seguro e acolhedor fortalece o vínculo entre os parceiros e proporciona estabilidade emocional perante as flutuações de humor.

Comunicação Efetiva: 🗣️

A comunicação aberta e honesta desempenha um papel vital na gestão de um relacionamento com alguém com Perturbação Bipolar. Praticar a escuta ativa e expressar preocupações de maneira respeitosa promove um diálogo construtivo e fortalece a conexão emocional.

Estabilidade e Consistência: 🔄

A estabilidade emocional e a consistência nas rotinas são cruciais para ajudar o parceiro a manter o equilíbrio.
Estabelecer rotinas regulares e promover um estilo de vida saudável contribui para a estabilidade emocional do casal.

Flexibilidade e Adaptação: 🤹

Flexibilidade e adaptação são essenciais para lidar com as flutuações de humor e energia associadas à Perturbação Bipolar. Trabalhar juntos para desenvolver estratégias de enfrentamento e planos de contingência fortalece o relacionamento perante situações desafiadoras.

Autocuidado: 🧘‍♂️

Priorizar o autocuidado é fundamental para ambos os parceiros. Estabelecer limites saudáveis, procurar apoio quando necessário e praticar atividades que promovam o bem-estar físico, mental e emocional são essenciais para manter um relacionamento equilibrado.

Compromisso e Apoio Mútuo: 🤝

O compromisso e apoio mútuo são pilares fundamentais de um relacionamento saudável com alguém que tem Perturbação Bipolar.
Recorrer a ajuda externa, como aconselhamento/apoio psicológico ou terapia de casal e grupos de apoio, pode fortalecer o relacionamento e ajudar o casal a enfrentar desafios juntos.

Em suma: 🌟

Estar num relacionamento com alguém que tem Perturbação Bipolar pode ser desafiador, mas também profundamente recompensador.
Ao cultivar a compreensão mútua, praticar a empatia, compaixão e a comunicação eficaz, e comprometer-se com o apoio mútuo e o auto-cuidado, os parceiros podem construir um relacionamento sólido e amoroso, capaz de superar os obstáculos que possam surgir.

Até para a semana!

Maria Margarida Soares Baptista

24/03/2024

Compreendendo a Perturbação Bipolar: Uma Perspectiva Abrangente (Parte I)

Impactando profunda e significativamente a vida de quem direta ou indiretamente a vivencia,a Perturbação Bipolar desafia estigmas e preconceitos, exigindo falar-se dela seguindo uma abordagem compassiva e informada.
Hoje vamos mergulhar nas complexidades desse transtorno: suas manifestações, desafios e abordagens.

Transtorno Bipolar: Uma Visão Ampliada

Anteriormente denominada Psicose Maníaco Depressiva ou Depressão maníaca, a Perturbação Bipolar é uma condição psiquiátrica crónica caracterizada por mudanças extremas de humor que variam de episódios de mania ou hipomania a episódios de depressão.
Esta perturbação causa alterações incomuns de humor, energia, níveis de atividade e na capacidade para desempenhar as tarefas quotidianas.
Os sintomas podem variar em gravidade e duração tornando o diagnóstico muitas vezes desafiador devido à natureza oscilante dos estados de humor.
Embora surja com mais frequência no final da adolescência ou no
início da vida adulta, as crianças e as pessoas idosas também
podem sofrer de Perturbação Bipolar.

Existem dois principais subtipos de transtorno bipolar: tipo I e tipo II. Ambos partilham características essenciais, todavia diferem em termos de gravidade e duração dos episódios maníacos e depressivos. Vejamos:

Perturbação Bipolar Tipo I:

Caracterizada por episódios maníacos que duram pelo menos uma semana e geralmente requerem hospitalização devido à gravidade dos sintomas.
Durante um episódio maníaco, as pessoas podem apresentar um humor elevado ou irritável, aumento da energia e atividade, pensamento acelerado, comportamento imprudente e grandiosidade.
Além disso, podem ocorrer sintomas psicóticos, como alucinações ou delírios. Os episódios maníacos são frequentemente seguidos por episódios depressivos nos quais são experimentados sentimentos de tristeza, falta de energia, perda de interesse em atividades anteriormente apreciadas, dificuldade de concentração e ideação suicida.

Perturbação Bipolar Tipo II:

Caracterizada por episódios de depressão maior e episódios de hipomania que são menos graves do que nos episódios maníacos do tipo I e não envolvem sintomas psicóticos. Durante um episódio de hipomania as pessoas podem apresentar humor elevado, aumento da energia e atividade, pensamento acelerado e comportamento impulsivo. No entanto, esses sintomas são menos graves do que os observados nos episódios maníacos do tipo I e geralmente não resultam em hospitalização.
Os episódios de hipomania são alternados com episódios de depressão.

Manifestações e Comportamentos:

Independentemente do subtipo, as pessoas com perturbação bipolar enfrentam uma miríade de desafios nas suas vidas diárias, pois as flutuações de humor podem prejudicar o funcionamento social, ocupacional e interpessoal.
Durante os episódios maníacos ou hipomaníacos podem apresentar comportamento impulsivo, gastar dinheiro de forma imprudente, ter relações se***is de risco, envolver-se em atividades de alto risco e ter dificuldade em manter relacionamentos saudáveis.
Por outro lado, durante os episódios depressivos podem experimentar sentimentos de desesperança, culpa, baixa autoestima e isolamento social.

Perturbação Bipolar e o Impacto no Cérebro:

Muito provavelmente não será do conhecimento geral que esta patologia tem um impacto expressivo no cérebro, afetando diversas áreas e processos neurobiológicos.
Embora a causa exata do transtorno bipolar ainda não seja completamente compreendida, tem-se constatado que fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais desempenham um papel importante em sua etiologia.

Desregulação Neuroquímica:

A perturbação bipolar está associada a desregulações nos neurotransmissores do cérebro, incluindo serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato.
Estes neurotransmissores desempenham papéis críticos na regulação do humor, do sono, do apetite e do comportamento.
Durante episódios maníacos os níveis de dopamina no cérebro estão aumentados contribuindo para os sintomas de euforia, aumento da energia e pensamento acelerado.
Durante episódios depressivos os níveis de serotonina estão diminuídos contribuindo, assim, para sentimentos de tristeza, desesperança e baixa energia.

Alterações na Estrutura e Função Cerebral:

Estudos de neuroimagem revelaram alterações na estrutura e função do cérebro de indivíduos com perturbação bipolar. Isto inclui reduções no volume de determinadas áreas cerebrais como o córtex pré-frontal que desempenha um papel crucial no controle do humor, do comportamento e na tomada de decisões.
Alterações na conectividade entre diferentes regiões do cérebro também foram observadas em pessoas com esta perturbação, afetando a comunicação entre áreas envolvidas no processamento emocional, cognitivo e comportamental.

Disfunção do Ritmo Circadiano:

A perturbação bipolar está associada a disfunções no ritmo circadiano, o ciclo natural de sono-vigília do corpo. Pessoas com esta perturbação frequentemente experienciam distúrbios do sono, incluindo insónia durante episódios maníacos e sonolência excessiva (hipersonia) durante episódios depressivos.
A desregulação do ritmo circadiano pode afetar a estabilidade do humor e contribuir para a ocorrência de episódios maníacos e depressivos.

Predisposição Genética:

Diversos estudos genéticos identificaram várias variantes genéticas associadas à perturbação bipolar sugerindo uma predisposição genética para a condição. Contudo, a perturbação bipolar é considerado multifatorial, com múltiplos genes e interações gene-ambiente contribuindo para o seu desenvolvimento.
Essas variantes genéticas podem afetar a expressão de genes envolvidos em processos neurobiológicos como: regulação do humor; resposta ao stress; plasticidade neuronal.

Nesta viagem realizada hoje pela neurobiologia da perturbação bipolar, descobrimos que o cérebro é um mundo vasto e misterioso, onde a interação entre genes, neurotransmissores e estruturas cerebrais dá origem a uma montanha-russa de emoções que afeta não só a vida de quem vive com esta patologia, mas também todo o sistema familiar.
Também para a família mais próxima o caminho pode ser desafiador e, por vezes, solitário.

Isso leva-nos a outras questões, outras leituras a fazer: a dos afetos, das relações, dos vínculos (r)estabelecidos.
Na próxima publicação iremos explorar como esses insights neurobiológicos nos podem ajudar a compreender melhor o papel dos afetos, da vinculação e a sua relação com o transtorno bipolar.

Até para a semana!

Maria Margarida Soares Baptista

17/03/2024

👉 𝗔́𝗥𝗘𝗔𝗦 𝗗𝗘 𝗜𝗡𝗧𝗘𝗥𝗩𝗘𝗡Ç𝗔̃𝗢 📌

⇉ Depressão
⇉ Depressão pós- parto
⇉ Ansiedade (generalizada, fobias, pânicos) e Stress
⇉ Comportamentos obsessivos-compulsivos
⇉ Perturbação bipolar
⇉ Perturbações do sono
⇉ Perturbações da personalidade
⇉ Problemas relacionais
⇉ Dependências
⇉ Luto e perda
⇉ Divórcio e separação
⇉ Situações de crise
⇉ Transições de vida
⇉ Processos de adaptação à doença física
________________________

𝗘 𝗧𝗔𝗠𝗕𝗘́𝗠 👇

👉 Mediação familiar para a responsabilidade parental
👉 Processos de mudança
👉 Consulta a casais
👉 Consulta familiar

𝗗𝗿𝗮. 𝗠𝗮𝗿𝗴𝗮𝗿𝗶𝗱𝗮 𝗦𝗼𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗕𝗮𝗽𝘁𝗶𝘀𝘁𝗮
Maria Margarida Soares Baptista

𝘔𝘢𝘪𝘴 𝘪𝘯𝘧𝘰𝘳𝘮𝘢çõ𝘦𝘴 𝘰𝘶 𝘮𝘢𝘳𝘤𝘢çõ𝘦𝘴, 𝘢𝘵𝘳𝘢𝘷é𝘴 𝘥𝘰𝘴 𝘯𝘰𝘴𝘴𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘢𝘵𝘰𝘴 𝘩𝘢𝘣𝘪𝘵𝘶𝘢𝘪𝘴. 📞📱📧


17/03/2024

Os Mistérios do Sono REM: A Ciência por Trás dos Sonhos 🧠💭

Ontem celebrou-se o Dia Mundial do Sono, uma data que nos lembra a importância que o sono tem nas nossas vidas.
Embora tendamos a enfatizar o número de horas que dormimos e a qualidade do sono, o impacto que tem na nossa saúde física, mental e emocional, é igualmente importante destacar o papel crucial do sono na produção dos sonhos.

O sono é um fenómeno complexo e essencial para a saúde e o bem-estar. Ao longo das últimas décadas a ciência tem revelado cada vez mais a importância do sono, não somente na recuperação física, mas também nos processos cognitivos e emocionais de vital importância.
O sono desempenha um papel crítico na consolidação da memória e da aprendizagem. Durante o sono o cérebro revisita e reorganiza as informações adquiridas ao longo do dia, fortalecendo conexões neurais e integrando novos conhecimentos no repertório cognitivo. Além disso, o sono adequado está associado à regulação do humor, função executiva e à tomada de decisão - aspectos essenciais para o funcionamento cognitivo.

Durante o sono o corpo passa por uma série de fases distintas, cada uma com as suas próprias características e funções.
O sono REM (Rapid Eye Movement), é uma fase do ciclo do sono caracterizada por uma atividade cerebral intensa e pelo movimento rápido dos olhos, ocorrendo geralmente em intervalos de 90 a 120 minutos ao longo da noite.
Durante o sono REM os músculos do corpo ficam temporariamente paralisados, excepto os músculos oculares e os do diafragma - responsáveis pela respiração.
Nesta fase ocorrem processos de restauração e regeneração do corpo, como a libertação de hormonas importantes para o crescimento e a reparação celular. Também é durante esta fase do sono que o cérebro revisita e processa as informações armazenadas, organizando as experiências do dia e contribuindo para a aprendizagem e resolução de problemas. Durante este estágio observa-se um aumento na atividade das áreas cerebrais associadas à emoção, memória e processamento cognitivo.

A fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), em particular, é associada à atividade cerebral intensa e à ocorrência de sonhos vívidos.
Os sonhos - fenómenos intrínsecos ao ciclo do sono - têm despertado interesse e fascínio pela sua relação com a mente e a consciência.
Os sonhos ocorrem durante o sono REM. São frequentemente ricos em simbolismo e narrativa, refletindo a complexidade da mente humana. Na ótica da psicologia, os sonhos são vistos como uma expressão simbólica de desejos, medos e conflitos internos, oferecendo uma oportunidade única de explorar a mente inconsciente. A interpretação dos sonhos pode fornecer insights valiosos sobre a psique humana e auxiliar no processo terapêutico.

Os mistérios do sono REM evidenciam a complexidade e a relevância do mundo onírico para que compreendamos a mente humana.
O Dia Mundial do Sono não apenas sublinha a importância fisiológica do sono para nossa saúde, mas, também, desafia-nos a explorar os processos neurobiológicos subjacentes à produção de sonhos.
À medida que a pesquisa avança, é-nos possível entender melhor como o sono REM afeta os nossos processos mentais e emocionais enriquecendo o nosso conhecimento sobre a mente humana. 📚

Que este dia nos motive a continuar a explorar os segredos do sono e dos sonhos. 🌟

Até para a semana!

Maria Margarida Soares Baptista

11/03/2024

🌟 Bem-vind@! 🌟

É com grande entusiasmo que crio esta página, dando início a uma jornada de compartilhamento de insights, apoio e recursos relacionados com a saúde mental e o bem-estar.
Enquanto psicóloga clínica, convido-vos a embarcar comigo nesta jornada enquanto exploramos o profundo impacto da psicologia clínica na saúde mental e na vida quotidiana.

🧠 Compreendendo a Essência da Psicologia Clínica

A psicologia clínica é a área da psicologia que se dedica a compreender e abordar questões relacionadas com a saúde mental através de avaliação baseada em evidências, diagnóstico, prognóstico e tratamento.
Desempenha um papel fundamental em desvendar as complexidades da mente humana, fomentar a resiliência e capacitar as pessoas a viver vidas plenas.

💡 O Papel da Psicologia Clínica na Saúde Mental

A psicologia clínica desempenha um papel vital na promoção da saúde mental e no bem-estar geral ao longo da vida.
Por meio de terapêutica, aconselhamento, orientação e outras intervenções, os psicólogos clínicos trabalham em colaboração com os seus pacientes e clientes visando explorar pensamentos, emoções e comportamentos, desenvolver estratégias de enfrentamento (coping) e promover mudanças positivas.



🌿 A Psicologia Clínica na Vida Diária

Além de abordar problemáticas específicas da saúde mental, a psicologia clínica oferece insights e habilidades valiosas que podem aprimorar a nossa vida diária. Desde a prática de técnicas de mindfulness e gestão do stress, até a melhoria das habilidades de comunicação e dinâmicas de relacionamentos saudáveis, os princípios da psicologia clínica enriquecem o nosso bem-estar e contribuem para um estilo de vida mais saudável.

🌈 Navegar pelos Desafios Diários com Resiliência Psicológica

A vida apresenta-nos múltiplos desafios e o meu objetivo é equipá-l@ com as ferramentas necessárias e insights para superá-los com sucesso. A psicologia clínica não se resume tão somente ao tratamento de transtornos mentais. Trata de fortalecer a resiliência diária, promover mecanismos positivos de coping e cultivar um sentimento de equilíbrio perante os altos e baixos da vida.

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