19/07/2025
✨ Puer Aeternus - “O Eterno Jovem”
Com origens na mitologia grega e romana associado ao Deus-Criança, o termo “Puer Aeternus” pretende signif**ar a ideia de “Eterno Jovem”.
Esta designação foi recuperada por Carl Jung na psicologia Junguiana como um arquétipo universal, primordial e estrutural da psique humana.
Como todos os arquétipos, o eterno jovem tem o seu lado luz, positivo e saudável, assim como o seu lado sombra, negativo e tóxico.
Quem estuda os arquétipos astrológicos, aprende cedo sobre esta polaridade e passa a conhecer que é no pólo oposto que as energias encontram a sua complementaridade, o seu pólo de equilíbrio, a consciência do seu oposto.
Vamos então perceber mais sobre o arquétipo do “Eterno Jovem”, os seus problemas e potenciais.
“Puer Aeternus” ou “Eterno Jovem” representa, no seu potencial positivo, a parte humana do espírito da criança criativa, do jovem sonhador, da alegria e inocência puras, do Peter Pan, da esperança no futuro, da irreverência e coragem de ir para a vida, na vontade de experimentar, viver, agir.
Esta energia esconde a sombra da imaturidade que leva para as várias relações da sua vida, da irresponsabilidade sobre a sua estrutura financeira, da fuga ou resistência a assumir as rédeas da sua vida, o peso da rotina de trabalho e deveres pois vive na profunda crença de que tem direito de ser criança e um qualquer adulto estará sempre a protegê-lo e a lidar com o lado difícil, duro, feio e desagradável da vida.
Exemplos deste arquétipo no seu pior; o filho adulto que não sai de casa dos pais, filhos que dependem emocional, psicológica ou financeiramente dos pais, o parceiro de casal que faz do outro pai ou mãe, o empregado de empresa que é irresponsável e não só não produz, como faz erros, cria tensões e provoca toxicidade, toda a pessoa que se mantém no lugar de vítima e projeta os seus problemas nos outros.
É no pólo oposto que encontramos então o elixir da cura destes exageros, que trarão equilíbrio a este arquétipo. E que arquétipo é esse? Precisamente o arquétipo do Velho Responsável, do Sábio, do Mestre, que embora também ele esconda a sua sombra, é o arquétipo que inspira responsabilidade e que também ele faz parte da psique humana presente em todos nós.
Este arquétipo sério, duro e exigente, caracteriza-se precisamente pelo sentido de dever e responsabilidade elevadíssimo, pela disciplina e exigência com que resolve a sua vida, pela Sabedoria com que vive os seus desafios, pela forma correcta e respeitosa com que se relaciona com os outros, pela forma como respeita ordens e regras sem questionar.
Qual a sombra deste arquétipo? O exagero disto tudo; a insensibilidade, a inflexibilidade, o orgulho de estar sempre certo, ter sempre razão ou de se achar superior, a prisão cega a regras, leis e ordens que leva à desconexão com o lado humano da vida, a dureza extrema, a desumanidade, a resistência absoluta a fragilizar e ser vulnerável. Exemplos deste arquétipo no seu pior; o ditador implacável, o professor inflexível, o abusador de violência doméstica, o pai ou mãe tiran@, o chefe autoritário, profissionais ambiciosos, frios e implacáveis, o jovem rebelde e exigente que quer mandar nos pais.
Como vimos, todos temos dentro de nós estas duas energias e se quando equilibradas, são ambas maravilhosas e essenciais para uma vida feliz, é nos extremos que os dois arquétipos se tornam doentios, tóxicos e assustadores, capazes de criar muita dor e sofrimento.
Cabe por isso a cada um de nós dar vida às suas partes positivas, e manter conscientes e disciplinadas as suas sombras. Infelizmente, é precisamente pela falta de consciência que temos destas poderosas energias, que elas acabam por se manifestar descontroladas dentro de nós, mais vezes do que pensamos, caindo facilmente nos terríveis pólos extremos.
Nem o “Eterno Jovem” poderá viver com qualidade sem integrar o seu “Velho Responsável” interno que lhe trará responsabilidade e estrutura de vida, nem o “Velho Responsável” terá qualidade de vida, se não integrar a sua criança sensível e alegre, a sua parte criativa, o seu jovem livre e sonhador.
Como disse antes, todos carregamos TODAS estas energias em nós, os aspectos positivos e negativos das mesmas. É nas nossas escolhas diárias que decidimos que arquétipo queremos dar mais energia, qual nos é mais confortável, qual nos é mais desafiante.
Resiste a qualquer tipo de julgamento de qual o melhor ou pior, ou se és mais este ou aquele pois ambos fazem parte de ti. Nenhum de nós alguma vez viverá a expressão perfeita destes arquétipos. No entanto, podemos esforçar-nos por melhores níveis de equilíbrio dos mesmos e por isso é importante teres consciência da tua predominância. Observares os teus pais e pessoas que vais atraíndo pela vida te mostrarão o que carregas dentro. Fingires ou negares a tua verdade só te irá manter na inconsciência e adiar o teu processo de equilíbrio.
É também muito importante reconhecermos que já nascemos condicionados de vidas passadas. Por exemplo, não é raro termos sido o “Eterno Jovem” na vida passada que criou problemas e carregou as suas responsabilidades nos outros, e na vida presente termos escolhido desenvolver precisamente o polo oposto da responsabilidade, da maturidade. Mas primeiro precisamos reconhecer de onde viemos e o que ainda nos circula nas veias. Ou termos sido duros, autoritários e inflexíveis na vida passadas e na vida presente haja uma necessidade interna de sentir, de desenvolver empatia, de dar asas à criatividade. Tanto uma experiência como a outra geraram Karma e por isso as pessoas envolvidas na vida presente são normalmente espelhos dos problemas que criámos no passado.
Deixo então uma pequena proposta terapêutica;
Começa com um honesto auto exame da tua postura natural e observa-te como numa balança. Tens uma tendência a cair mais para o lado das posturas e características do “Eterno Jovem” ou para as atitudes do “Velho Responsável”? Como te mostrei, ambas em exagero são tóxicas mas só poderás gerar equilíbrio desenvolvendo a oposta por isso procura ser o mais verdadeiro possível contigo mesmo.
Com a família raíz Mãe e Pai; ainda tendes a ser a criança que ainda espera algo dos pais, ou que cobra o que não teve, que chora o amor que não recebeu?
Ou, insistes em parentalizar os teus pais, salvá-los da dor deles, viver em função das suas necessidades e expectativas, para os agradar, cuidar e proteger?
Idealmente com os dois arquétipos integrados, assumirias uma postura de adulto que se pacificou consigo mesmo e com as energias dos pais, que desenvolveu o seu amor próprio, que respeita as dinâmicas mesmo que tóxicas dos pais sem se envolver, que sabe por limites saudáveis e simplesmente liberta-se para cuidar da sua felicidade, da sua vida e dos seu sonhos.
Com as relações românticas; vives com óculos cor de rosa em busca do salvador, do príncipe ou da princesa que te vêm trazer de bandeja de prata tudo o que te falta? Sonhas com uma relação onde alguém virá resolver o teu vazio, compensar as tuas dores, amar, proteger e respeitar?
Ou assumes o adulto e veste o papel de Pai ou Mãe do outro no casal, responsabilizas-te e decides por ti e pelo outro, assumes pagamentos e a maioria das tarefas que seriam a dois?
Idealmente com os dois arquétipos integrados, assumirias na relação amorosa uma postura autônoma perante o parceiro que não alimente dependências e apegos tóxicos. Seja o dinheiro, o amor ou o respeito começam com o próprio para depois então serem partilhados. Saberias por limites saudáveis a cobranças, exigências e expectativas irrealistas e criarias uma relação baseada em maturidade, transparência, sensibilidade, responsabilidade pessoal e respeito pela diferença.
Com as relações com os filhos; fazes do teu filho/a a tua razão de viver, o centro do Universo, dando-lhe mais poder, dinheiro, autoridade e importância do que seria desejável, saudável e do que te dás a ti mesmo?
Ou, vives frustrad@ ou inconsciente da tua vida pessoal, a microgerir tudo o que os filhos fazem, pensam, dizem ou querem, insistes em dar regras, limites e orientações e controlar todos os aspectos das suas vidas?
Idealmente com os dois arquétipos integrados, vais lembrar-te que já cá estavas quando eles chegaram e um dia irão embora e por isso deves viver com consciência das tuas necessidades, para o teu equilíbrio pessoal para a tua Criança Interior, que não és amig@ deles mas sim Pai ou Mãe, orientador/a, responsável pelo processo de independência e maturidade e quanto mais autónomos psicológica, mental, financeira, emocional e espiritualmente forem, melhor para todos.
Com as relações com o dinheiro; vives dependente de alguém, gastas de forma irresponsável, não assumes as tuas despesas todas, alimentas vícios e crias dívidas, não sabes poupar?
Ou, todo o teu dinheiro anda a pagar as irresponsabilidades dos outros, a suportar exigências de filhos mimados, a sustentar parceiros imaturos, a ajudar pais que não souberam ser adultos, a gastar exageradamente com comida ou tralhas que jamais trarão felicidade?
Idealmente com os dois arquétipos integrados, verias que, salvo excepções karmicas extremas de incapacidade/pobreza ou doença dos pais, onde moral e karmicamente nos teremos de responsabilizar por eles, devemos evitar a todo o custo, gastar ou depender demais dos outros. A autonomia financeira é como a coluna para o corpo, é a base da estrutura pessoal, de qualquer processo de valorização pessoal e amor próprio, por isso seja a dar ou a receber dos outros, será sempre fonte de dinâmicas tóxicas a longo prazo.
Conclusão; tal como a vida cronológica começa com o estado de Criança e nos convida com o tempo a ir para o lugar do adulto, também o processo de amadurecimento emocional obedece ao mesmo princípio; manter fidelidade às necessidades da criança em nós, desenvolvendo aos poucos as qualidades da maturidade e da responsabilidade pessoal.
Um adulto saudável será então alguém que consegue manter o espírito jovem, a sua sensibilidade e desenvolver a responsabilidade pelos aspectos práticos e financeiros da sua vida.
Infelizmente o crescimento cronológico, na maioria de nós, não acompanha o processo de amadurecimento emocional, vai-se fazendo de vida para vida. Por isso podemos por exemplo ter dois irmãos gémeos em que um nasce de um passado de maturidade e mostra muito juízo desde tenra idade e o outro traz muita imaturidade e irá não só ser a criança mimada como arrastar essa imaturidade pela vida de adulto.
É importante relembrar que os problemas, a dor, o sofrimento são na maioria, a consequência de resistir ao processo de amadurecimento pessoal e insistimos em manter padrões infantis de inconsciência pessoal, dependencia e apegos exagerados aos outros.
Quando perdemos este equilíbrio entre o dar demais ou receber demais, quando permitimos que estes dois polos se desconectem e passem a viver os seus exageros como vimos antes, geramos karma negativo para a nossa vida e ao qual f**aremos presos até haver a sua compensação. Está na tua mão o poder de impedir que isso aconteça e de manteres o equilíbrio destas duas poderosas energias.
Se queres perceber melhor a tua pessoa, a tua história Karmica, a tua missão, o teu momento actual, desafios passados e oportunidades presentes, envia email para veraluz@veraluz.pt ou ou encaminha para alguém que precise de ajuda.
Mais informações consulta https://linktr.ee/veraluz_
Bem hajas e até já!
Vera Luz
Vera Luz * Clube de Evolução Espiritual para Ovelhas Negras
Imagem de Ylanite Koppens por Pixabay