
12/08/2025
É com uma mistura de espanto e indignação que leio as declarações “Nenhuma mulher normal amamenta depois dos dois anos” e, mais grave ainda, que a CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) deve intervir nestes casos.
É inadmissível que, em pleno século XXI, uma dirigente da Segurança Social, ainda por cima ex-assessora da ministra, faça afirmações tão desrespeitosas e desinformadas.
É um atentado contra a liberdade e a autonomia das mulheres.
O que é ser uma mulher “normal”?
O que é “normalidade”?
Onde está o conhecimento científico?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomendam o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses e, de seguida, a continuação do aleitamento materno, complementado com alimentos, até aos dois anos ou mais, conforme o desejo da mãe e do filho.
A amamentação é um ato de amor, nutrição e carinho entre a mãe e o filho. É um direito de ambos. É um ato natural.
A intervenção da CPCJ só deve ser realizada em casos de risco para a criança. Amamentar não é, nem nunca será, um fator de risco. Pelo contrário, é um fator de proteção e de saúde.
Estas declarações demonstram um total desconhecimento e desrespeito pela saúde da mulher e da criança. São um retrocesso na luta pela autonomia feminina e pela maternidade informada e consciente.
As mulheres não precisam de ser normalizadas. Precisam de ser respeitadas. Apoiadas na gravidez, pos parto e regresso ao trabalho.
Precisamos de ter o direito de fazer as nossas próprias escolhas, sem medo de sermos julgadas, criticadas ou punidas.