14/10/2025
Há fases em que nos podemos sentir desfocados, confusos. Numa corrida desenfreada de estímulos, preocupações e comparações, pode ser fácil darmos por nós, frente a um espelho, e a sentir que algo se está a perder no caminho.
Ontem, dei por mim a refletir sobre isso. A voltar ao Porto, a recordar o exato momento onde a psicologia passou a ser, também, um bocadinho minha. A recordar a Inês de 18 anos, que acreditava sem medo. Que sonhava “muito alto”. Que não queria saber do difícil. Que ia atrás do que queria, e nem colocava a hipótese de ser impossível. O que é que é impossível?
A realidade é que essa Inês ainda está cá, mas algumas vezes foi-se escondendo, noutras tornou-se mais tímida. Crescer também é isto, não é? É duvidar, muitas vezes (até porque pouca coisa é indubitável). É ter receios. É pensar demasiado. É questionarmos quem somos. E é, também, sem querer, afastarmo-nos de nós, por instantes. E tudo isto pode ser assustador. Mas está tudo bem... se virmos para lá do medo, também é dos processos mais bonitos. Porque é, também, quando nos questionamos e nos afastamos de nós, que percebemos melhor quem somos, os nossos valores, o que nos move, aquilo que valorizamos e aquilo que não queremos deixar mais que se afaste.
É bom, de vez em quando, tirarmos um tempo... para nos percebermos, para ver a forma como nos estamos a construir, entender o que queremos reencontrar e o que queremos largar.
Em abril de 2022, iniciei esta página, e citei “Todos temos as nossas merdas”. E temos! E é bom olhar para elas... para as coisas menos boas. Olhar, escutar, acolher, compreender, e perceber como mudar.
Tinha muito medo de olhar para a pequena Inês e dizer “não mudaste nada”. Não me orgulharia de mim. Somos seres em construção (ou pelo menos, devemos tentar sê-lo), é das melhores condições que temos enquanto humanos. Mas a verdade é que essa Inês ainda me inspira todos os dias e há coisas nela que quero manter sempre.
Ontem foi um dia bom! Para entender. Para reencontrar. Para relembrar de parar mais vezes. Ser criança mais vezes. Sair do piloto automático em que a vida, tantas vezes, nos coloca. Sonhar e viver muito. Ouvirmo-nos. E não nos deixarmos perder 🤍