15/11/2025
O que é que acontece quando passas a ver-te ao espelho e já não te vês? Quando te perguntas onde está aquela pessoa, e não encontras resposta?
Há momentos em que percebemos que começámos a desaparecer aos poucos. A desencontrar-nos de nós. E isto não acontece de repente, nem de um dia para o outro. Vem de breves momentos, de pequenos grandes detalhes. Pequenos silêncios, pequenos "é melhor não dizer nada, não quero que a outra pessoa se chateie", pequenos "não faz mal" que sabemos que fazem.
Sem consciência, podemos idealizar alguém, idealizar qualquer relação, ao ponto de ignorar sinais claros: falta de cuidado, desvalorização, manipulação emocional, críticas constantes, controlo, indiferença... Escolhemos ignorar, desculpar, pensar que para a próxima é diferente, "não foi assim tão grave", "se calhar eu merecia", "se calhar a culpa foi minha". Tens medo da reação, tentas não incomodar, não queres estragar tudo, deixas de saber bem o que queres. E desapareces... mais um pouco, e mais um pouco. Começamos a adaptar-nos, a encolher-nos, a duvidar da nossa perceção.
Até que um dia percebemos que já não nos reconhecemos a nós mesmos. Por acreditarmos em esperanças e não em factos. Por manipulação, onde os pedidos de desculpa camuflados de um atirar de culpa, vêm acompanhados de ausência de mudança. Acredita, não é só uma fase.
Quando repetimos explicações para o que nos magoa, cruzamos a linha do cuidado, para aquilo que já é dano. E é nesses momentos que mais precisamos de honestidade connosco, para reconhecer que algo não está bem.
O que é que tu queres para ti?
O que é que te faz feliz?
Há quanto tempo te tens anulado?
Há quanto tempo tens fingido que está tudo bem?
Há perguntas que podem doer, mas são essas também as que nos devolvem clareza 🤍