09/02/2025
Vamos refletir sobre o tempo que temos para comunicar. É urgente saber iniciar e manter uma conversa e devemos usar o tempo em conjunto para isso.
Nas refeições, retire os equipamentos tecnológicos e conversem. Só assim, as crianças aprendem a comunicar e desenvolvem as suas competências sociais.
😊
Há dias, escrevi sobre um fenómeno curioso que muita gente reconheceu: as crianças que dizem “posso pão” em vez de “posso comer pão”.
O texto viralizou e o que me ficou na cabeça foi a reação das pessoas…mas, já lá vamos…
Antes, vamos refletir…
Afinal, porque é que isto acontece? O que leva uma criança a cortar os verbos e simplificar tanto as frases?
As crianças estão a crescer num mundo onde tudo acontece rápido. Vídeos curtos, respostas instantâneas, zero tempo para esperar. A linguagem, que é um reflexo da nossa cultura, está a ser otimizada ao máximo. Menos palavras, mais rapidez.
(Se pensarmos bem, os adultos fazem o mesmo… “Tou a chegar.” “Manda áudio.” “Tá feito.” Será que as crianças não estão apenas a absorver esta tendência?)
As crianças aprendem a falar pelo que ouvem.
Se, em casa, a comunicação for muito telegráfica, cheia de palavras cortadas e frases curtas, elas vão replicar.
(Pais exaustos, diálogos apressados, falta de tempo para conversas longas… faz sentido, não?)
Crianças pequenas ainda estão a construir o pensamento verbal. Muitas vezes, a estrutura da frase ainda não está bem consolidada e, para elas, “posso pão” já é suficientemente compreensível.
(É como um atalho mental. Se o objetivo é pedir pão, para quê complicar?)
Esta hipótese é mais delicada...
Será que estamos a conversar o suficiente com as crianças?
Ou será que estamos apenas a dar-lhes instruções?
(Veste o casaco. Come a sopa. Lava os dentes. Vamos.)
Se a interação for sempre funcional, elas vão aprender a comunicar de forma minimalista.
Se não há diálogos ricos, como é que a linguagem cresce?
Agora, sobre o que mais me intrigou…
Aqui está o que me chamou mesmo a atenção…
O número de partilhas, os comentários, as mensagens. O tema ressoou porque, no fundo, os adultos querem falar sobre educação. Precisam disso.
Mas querem falar sem julgamento, sem guerras, sem superioridade moral. Só querem partilhar, refletir e trocar ideias sem que isso se transforme numa competição de “quem educa melhor”.
O texto viralizou porque as pessoas não estão cansadas apenas das crianças que dizem “posso pão”… Estão cansadas de se sentirem sozinhas na missão de educar.
Educar é desafiante.
Toda a gente tem dúvidas, toda a gente quer acertar, toda a gente erra. Mas, em vez de conversarmos abertamente, muitas vezes fechamo-nos por medo da crítica…
(E se rir disto significa que sou um pai/mãe menos atento? E se eu disser que o meu filho fala assim e alguém me julgar?)
A verdade?
Precisamos de falar mais.
Precisamos de trocar experiências.
Precisamos de normalizar a parentalidade real, sem filtros, sem perfeição artificial… a mediação de um especialista é importante, mas deve ser equilibrada.
E talvez o maior problema nem seja o “posso pão”. Talvez o maior problema seja a falta de espaços onde possamos falar destas coisas com leveza, com verdade e com um bocadinho de humor…
O que acha? Continuamos esta conversa? 💬😊
Alfredo Leite