06/12/2025
Há anos que passam como brisas leves… e há anos, como 2025, que nos atravessam como tempestades.
Anos que nos despem, que nos viram do avesso, que nos fazem encarar espelhos que evitámos durante demasiado tempo.
Para muitos de nós — e tu sabes bem o peso desta verdade — 2025 foi um ano de batalhas silenciosas, despedidas que rasgam o peito, confrontos interiores, quedas e renascimentos forçados.
E agora, quase à porta de 2026, parece que há uma pressa coletiva, quase ansiosa, de virar a página.
Mas é exatamente aqui, neste limiar, que mora o verdadeiro rito de passagem.
Antes de corrermos para o novo ano, é preciso honrar este.
Respirar fundo.
Fazer a pausa que sempre adiámos.
Olhar para 2025 sem medo, sem maquilhagens, sem atalhos.
Perguntar-lhe:
“O que é que realmente vieste ensinar-me?”
Porque, no fim, não levamos connosco números, datas, discussões, tarefas adiadas.
Levamos o que é invisível:
— As lições que queimaram mas moldaram.
— As quedas que nos obrigaram a aprender a levantar.
— Os amores que ficaram — e mesmo os que partiram — porque todos, de alguma forma, deixaram sementes.
— O conhecimento que adquirimos na dor, na alegria, nos silêncios e nas madrugadas difíceis.
É tempo de fazermos uma retrospectiva honesta:
O que quero levar comigo para 2026?
E o que devo deixar definitivamente entregue ao passado?
Deixa em 2025 o que pertence a 2025:
as guerras pequenas, os pesos que não são teus, os medos que já não te servem, as dores que não precisas de repetir.
Leva para 2026 apenas o essencial:
a sabedoria, a coragem que descobriste sem querer, a fé que segurou a tua mão quando nem sabias que estava ali.
Porque a vida nunca nos pede pressa.
Pede presença.
Então, antes de desejarmos que o novo ano chegue num sopro, sejamos gratos por ainda estarmos aqui.
Gratos pelo coração que insiste em bater — mesmo cansado.
Gratos pelas pessoas que nos amam — mesmo quando o mundo parece escuro.
Gratos pela oportunidade de recomeçar — mesmo que devagar.
E, para quem acredita, gratos por Deus, pelo Universo, pela Força Maior que nos acolhe no colo quando ninguém mais vê.
2025 ainda não terminou.
E é nestes últimos dias que o ano nos oferece o seu maior tesouro...