29/04/2025
Houve um apagão.
Dizem que a normalidade foi restaurada. Mas... que “normalidade” é essa?
A dos ecrãs sempre ligados?
Dos dedos que deslizam mais no ecrã do que tocam outros dedos?
A “normalidade” da casa cheia, mas das conversas vazias?
Da presença física, mas ausência emocional?
Num instante, vimos o quão dependentes estamos das redes sociais, do wifi e dados móveis, da bateria e da constante estimulação digital. E, por uns momentos, fomos forçados a olhar para o lado, ao nosso redor — e não para baixo.
Talvez o apagão tenha iluminado algo que nos escapa: a falta de tempo partilhado!
Um jogo de tabuleiro, um jantar com conversa sem scroll, um olhar nos olhos do outro sem filtros.
Não pretendo romantizar este apagão e o que significou para cada pessoa, mas talvez esta interrupção tenha sido um convite... A desacelerar. A reconectar. A restaurar o essencial.
Como Terapeuta Familiar/ Casal e Assistente Social, vejo vezes demais os efeitos de uma vida hiperconectada digitalmente e desconectada emocionalmente.
Relações a sobreviver, quando poderiam florescer.
Laços que pedem escuta, toque, tempo|.
Não, talvez não devêssemos voltar à “normalidade”!
Talvez devêssemos criar uma nova — onde estar offline e juntos volta a ter mais valor do que estar online.
Patrícia Calado - Terapeuta Familiar e de Casal & NIS - Núcleo de Intervenção Sistémica