04/10/2025
Uma das experiências mais universais e, ao mesmo tempo, das mais solitárias que o ser humano pode enfrentar, é o luto.
O luto acontece, quando enfrentamos a perda de algo ou alguém significativo. A tendência é associar o luto à perda de um ente querido, no entanto, também é possível enfrentar um processo de luto quando acontece uma mudança na vida, por exemplo, o fim de uma relação ou a perda de um emprego.
O processo de luto é um processo idiossincrático, vivido por cada um de forma única e que envolve um conjunto de emoções complexas como a tristeza, a raiva, a negação e a saudade. Este processo não é um processo linear, com início, meio e fim. Lidar com a perda, significa integrar essa perda na realidade e aprender a viver com ela.
Esta integração acontece numa oscilação constante entre a saudade e tristeza da perda e a necessidade de adaptação à nova realidade. Ao contrário daquilo que muitos acreditam, o processo de luto é dinâmico, o que significa que mesmo quando alguém parece já ter “ultrapassado” ou “aceite” melhor a perda, pode surgir um momento ou uma fase de dor imensa e de sofrimento. E é bom que esta seja expressa e partilhada.
A "resolução" do luto acontece quando a pessoa consegue encontrar um ponto de estabilidade no seu quotidiano, integrando a lembrança e o sofrimento e a aceitação da perda.
De uma forma generalizada, o luto é considerado patológico e pressupõe o acompanhamento por um profissional quando:
• O sofrimento intenso persiste por mais de 6 a 12 meses, sem sinais de melhoria significativa;
• A pessoa continua paralisada pela dor da perda, com dificuldade em retomar as tarefas básicas do seu dia-a-dia. Isto é, a perda interfere gravemente no funcionamento social, profissional ou pessoal e a pessoa não consegue manter relacionamentos, trabalhar, ou cuidar de si mesma adequadamente.
A oscilação entre a dor e a integração da perda é um sinal de luto saudável e demonstra que alguém está ativamente focado numa adaptação.
É importante relembrar, que transformar a dor da perda, não significa esquecer.
Virgínia Braz- Psicologia