
30/05/2025
Muito podia falar sobre a dignidade menstrual e saúde feminina. Mas sinto, principalmente pela realidade em que me insiro, que uma reflexão sobre as nossas adolescentes seria uma boa aposta.
Há uns dias, numa consulta, falava sobre a mudança da menarca (1a menstruação) ao longo dos tempos. A menarca cada vez mais cedo NÃO É NEM e NUNCA SERÁ um sinal de maturidade emocional.
Dados: nos anos 2000 a menarca seria pelos 12-13 anos, hoje é cada vez mais comum pelos 9-10 anos. Pode ser habitual, mas não normal.
Esta evolução nunca pode ser vista como um fenómeno fisiológico normal, mas como um reflexo das transformações profundas que a nossa sociedade e o nosso planeta estão a viver.
O que a ciência encontra como explicação para este fenómeno:
- O contacto diário e constante com disruptores endócrinos;
- Excesso de macronutrientes e escassez de micronutrientes;
- Stress constante que ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que está intimamente ligado ao eixo reprodutivo;
- Excesso de telas e luz artificial e escassez de natureza e luz natural, com impacto negativo no ritmo circadiano;
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Agora a parte dura e aquela que talvez tu não saibas: Menarca CEDO, Menopausa CEDO. A menarca precoce não é um fenómeno isolado — é um sinal. E é aqui que eu peço a vossa reflexão. Qual acham que será o impacto de uma menopausa precoce generalizada e a fertilidade?
Menstruar cedo não é apenas “crescer mais rápido”.
É um sintoma de que o corpo e o mundo estão a pedir atenção, cuidado e reconexão.
Cuidem-se com muito amor (e das nossas adolescentes também)