
23/07/2025
Estou a ver mulheres cansadas, exaustas da promessa vazia de um empoderamento que nunca chegou a casa. Mulheres que lutaram tanto por espaço, que acabaram por se perder nele. E agora recuam não por liberdade, mas por cansaço. Mas escuta: voltar para trás não é libertador se é o medo que conduz o caminho.”
Vejo-vos, mulheres que querem ser cuidadas. Que gritam por colo, não por submissão, mas porque estão feridas. Mas atenção: romantizar o cuidado masculino tradicional sem questionar o que esse “tradicional” implicou, silenciamento, invisibilidade, obediência, não é empoderamento. É rendição disfarçada de escolha. E rendição ao patriarcado nunca será cura.
Se eu vos dissesse que ser cuidada não é errado? Que o erro está em termos sido ensinadas a escolher entre autonomia e amor? Entre força e ternura? O feminismo que defendi (aquele radical no amor) quer que escolhas tudo. Que sejas amada, cuidada, mas nunca diminuída.
E aos homens perdidos, cansados de ser acusados de tudo, eu diria: sim, foste ferido. Mas não é a mulher que te feriu. Foi a masculinidade tóxica, que te ensinou que ser homem é dominar, não sentir. A masculinidade que te fez crer que precisas liderar para merecer amor. Isso também te roubou.
Então compreende: quando recuas para o arquétipo da esposa e avanças para o arquétipo do provedor, ambos estão a negociar com traumas, não a escolher com liberdade. Ambos estão a defender-se, como soldados em trincheiras opostas da mesma guerra emocional.
O conservadorismo não é o novo punk. É o velho medo com roupa nova. E o medo nunca foi revolução.
O caminho? Amor. Amor radical. Um que nos desafia a cuidar sem dominar. A liderar sem submeter. A construir relações em que a nossa humanidade inteira, imperfeita, cansada, seja bem-vinda. Sem máscaras. Sem papéis. Só verdade. E coragem.