03/11/2022
Ainda te lembras do primeiro ano de vida do teu bebé?
Lembras-te da sensação do primeiro sorriso, da primeira gargalhada, dos olhares ternurentos, da procura pelo teu abraço e da felicidade ao vê-lo a dormir? Eu não me lembro.
O primeiro ano de vida do meu filho está praticamente todo marcado por uma nuvem muito cinzenta que se apoderou das nossas vidas.
Lembro-me de ter chegado a casa, dois dias depois dele nascer, com uma sensação de terror gigante, um medo que me assolava até aos ossos por ter agora um ser tão pequenino a depender de mim, sem ter acesso a profissionais de saúde para me acalentarem o coração e colmatarem um pouco das minhas dúvidas.
Lembro-me das dores horríveis nas costas e no períneo (onde estavam os pontos resultantes da episiotomia). Lembro-me que não me sentei praticamente durante um mês.
Lembro-me dos espasmos no â**s nos primeiros dias, das dores excruciantes quando tentava defecar, como se estivesse, novamente, a parir uma criança.
(...)
Lembro-me de estar o dia todo a amamentar ou a extrair leite materno. E mesmo assim o meu filho gritava dia e noite. Só podia ser fome. E doía-me horrores a amamentar.
Lembro-me do dia em que finalmente consegui amamentar de forma correta, sem dor e senti, efetivamente, o meu filho a alimentar-se.
Finalmente eu já prestava para alguma coisa.
Lembro-me que todo o meu ser tremia por ficar sozinha com o meu bebé que pouco mais tinha um mês de vida.
Lembro-me, muito bem, que ele não adormecia a não ser na mama ou, durante o dia, ao meu colo de pé pela casa.
Lembro-me de dormir duas horas, no máximo, por noite, e nem eram seguidas.
A privação de sono e a depressão pós-parto impediram-me de viver a maternidade como eu e o meu filho merecíamos.
[Excerto tirado do Blog Aromaterno]