
21/07/2025
COMUNICADO • Transporte de grávidas entre hospitais expõe falhas graves na gestão das urgências e põe vidas em risco
Face à recente implementação de um protocolo entre os Bombeiros e o INEM para reforçar o transporte de grávidas entre hospitais, vimos por este meio denunciar publicamente uma realidade alarmante que ameaça a segurança de mães e bebés em Portugal.
Apesar de ser apresentado como uma solução de reforço, este protocolo assenta em equipas sem a formação específ**a nem a experiência prática indispensável para garantir a segurança de um parto em ambiente pré-hospitalar.
Esta situação expõe uma resposta improvisada que coloca em risco vidas humanas. Não basta aumentar o número de viaturas disponíveis, mais importante que isso o transporte de grávidas em trabalho de parto requer preparação técnica e capacidade de decisão clínica específ**as que só médicos e enfermeiros especializados podem garantir com a segurança que se exige.
A utilização de equipas não medicalizadas para situações de parto iminente, grávidas de risco ou gravidez não vigiada representa um retrocesso nos cuidados de saúde materna e um atentado à qualidade da resposta em urgência pré-hospitalar.
Não é aceitável que a incapacidade política de resolver o problema empurre a responsabilidade das unidades de saúde para as equipas do pré-hospitalar.
A solução para acompanhamento nestes transportes por profissionais de saúde não pode passar pela mobilização de meios diferenciados como ambulâncias SIV e viaturas médicas (VMER) retirando-as da sua função de prestação de socorro primário para resolver problemas essencialmente da responsabilidade da gestão hospitalar.
Não podemos continuar a alimentar o problema com remendos e improvisos no pré-hospitalar, quando a resolução do problema reside na ineficácia da gestão da rede hospitalar.
Assim, defendemos:
• A resolução urgente dos problemas de base na gestão dos serviços de urgência, que tornaram necessário recorrer a soluções de improviso, com o consequente risco para utentes e profissionais;
• Encontrar uma solução integrada e em rede que permita a garantia da abertura dos SU de Obstetrícia;
• O reforço de meios humanos e materiais que garantam uma resposta adequada, digna e segura a todas as grávidas, independentemente da sua localização ou condição socioeconómica;
• A revisão imediata deste protocolo, garantindo que o transporte a título excecional de grávidas em trabalho de parto seja sempre assegurado por equipas compostas por médicos e enfermeiros, com experiência e treino em emergências obstétricas;
• A inclusão de profissionais de saúde (médicos e/ou enfermeiros) dos serviços de urgência encerrados nas tripulações destas ambulâncias;
As grávidas e os recém-nascidos têm direito a cuidados de saúde de qualidade e em segurança. Não aceitaremos que a falta de planeamento e investimento na organização dos serviços de urgência continue a ser compensada com remendos improvisados que colocam vidas em risco.
A APEMERG continua disponível para apresentar as suas propostas, discutir ideias e construir soluções.