06/04/2022
Faleceu, aos 86 anos, o psiquiatra Afonso de Albuquerque, pioneiro nos estudos sobre o stress pós-traumático. Formado em Medicina pela Universidade de Coimbra em 1960, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, entre 1961 e 1964, quando parte para Inglaterra onde lhe foi atribuído o título de especialista em psiquiatria, pelo Royal College of Psychiatrists.
Em maio de 1972 foi preso pela PIDE por pertencer à Comissão Nacional de Socorro dos Presos Políticos, denunciando uma lista com as torturas praticadas pela polícia política, o que lhe custaria três semanas de prisão em Caxias. Após o 25 de Abril foi delegado da Ordem dos Médicos na Comissão de Extinção da PIDE.
De 1981 até à sua aposentação, em 1997, foi Diretor do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos.
«No nosso país, a tortura praticada sistematicamente pela PIDE, em muitos milhares de presos políticos em 48 anos de ditadura salazarenta, deixou marcas de sofrimento psicológico e humano que nunca foram devidamente avaliadas, tratadas e compensadas.» Estas palavras de Afonso de Albuquerque podem ser lidas na exposição de longa duração do Museu do Aljube.
À família e amigos, o Museu do Aljube Resistência e Liberdade apresenta as mais sentidas condolências.
📷© Gonçalo Villaverde / Global Imagens