Centro Popular D'Espie Miranda

Centro Popular D'Espie Miranda Instituição de apoio ao envelhecimento

Dar a conhecer a instituição e disponibilizar mais um meio para a comunidade CPEM - colaboradores, voluntários, residentes, utentes, familiares e amigos dos utentes, associados, amigos da instituição - comunicar entre si

21/09/2021

A DOENÇA QUE MATA OS VELHOS
Apontamentos de uma pandemia

18 de setembro de 2021. O relatório da DGS revela que nas últimas 24 horas faleceram mais sete pessoas e f**aram infetadas mais 939 pelo coronavírus SARS-CoV-2. Podíamos dizer com grande probabilidade de segurança que faleceram mais 7 velhos em Portugal por covid-19. Num total de 17.902 mortes provocadas pelo covid-19 desde março de 2020 até 18 de setembro de 2021, 17.143 (95,7%) eram pessoas com 60 ou mais anos e 17.662 (98,7%) pessoas com 50 ou mais anos.
Já houve doenças mais mortíferas, mas nenhuma tão facilmente transmissível. A malária chegou a matar 25 milhões de pessoas por ano e não tinha cura, nem vacina. Era uma doença dos países pobres e por isso nunca motivou uma resposta rápida e eficiente, mas não se transmitia entre pessoas pela simples respiração, não teve o potencial de contaminar a humanidade inteira em menos de 1 ano.
O covid-19 tem esta particularidade na forma de transmissão que facilita em muito a sua propagação, e tem consequências de resultado idadistas: mata os velhos que a contraem e condena ao isolamento social todos os velhos que quiserem diminuir os riscos de a contrair.
Desde a entrada do vírus proveniente da cidade chinesa de Wuhan na Europa, pela porta da Itália, que logo se percebeu destas duas características: a capacidade e velocidade de propagação e mutação e os efeitos letais nos mais velhos devido às suas naturais comorbilidades. Por toda a Europa, e também em Portugal, os velhos f**aram fechados em casa e nas estruturas coletivas onde viviam, vulgo lares. Os bancos e as mesas dos jardins públicos, os locais preferidos para a sua relação com o tempo, seja dando de comer aos pombos, seja jogando às cartas, f**aram desertos. As visitas dos filhos e netos, quer em casa quer nos «lares» passaram a ser evitadas ou f**aram suspensas. Os mais velhos f**aram acantonados nos seus quartos, frente a uma televisão, a tomar conhecimento da dimensão da ameaça, aguardando temerosos pela hora em que um dos cuidadores, seja o familiar, o vizinho ou colaborador do «lar», para além de levarem o comer ou os remédios, trouxessem com eles também, inevitavelmente e sem o saber, a mensagem da morte. Deixara de haver lugar para viver.
E com a propagação exponencial em tão curto espaço de tempo, o vírus também lhes retirou espaço onde morrer. O vírus que só matava velhos já não conseguia espaço para os matar nos hospitais. Teriam de morrer em casa ou nos «lares». Aqui, pela sua concentração, às dezenas no início, depois às centenas. Perante a falta de estruturas hospitalares para receber todos os infetados, em toda a Europa e no Mundo, o critério «salvar vidas» deixou os velhos infetados nos «lares» e nos covidários. As camas hospitalares disponíveis eram preciosas para salvar a vida de outros doentes com mais hipóteses de sobrevivência, mães e pais de família com muitos anos de vida pela frente. Não havendo sequer condições para recorrer ao coma induzido, havia que providenciar e assegurar as reservas de oxigénio que evitassem a morte em agonia, por asfixia.
Com a violência e a velocidade da nova variante designada por delta de finais de 2020, quando algum utente em «lar» adoecia bastava saber a idade e já se antevia estar na antecâmara da morte. Em países como a Bélgica, no pico da pandemia, metade dos velhos que morreram nos lares não chegaram sequer a ser transferidos para qualquer estrutura hospitalar. Em Portugal, no pico de janeiro/fevereiro de 2021, os velhos infetados foram transferidos para instalações improvisadas e para os designados covidários; poucos deram entrada nas enfermarias e menos ainda chegaram aos cuidados intensivos. As unidades de saúde não enviaram médicos aos «lares», transformando-os em algo semelhantes a gafarias, onde na idade média se colocavam os leprosos. Extremistas em todo o mundo, como Trump e Bolsonaro, ressuscitaram o antigo desprezo pelos fracos e desprotegidos dos momentos mais negros da história da humanidade. Em muitos locais, médicos e enfermeiros tiveram de se preparar para segurar a mão do paciente porque nada mais havia a fazer.
No quadro atual em que mais de 82% da população têm a vacinação considerada completa, tendo as vacinas aplicadas efeitos relativos, dado que nenhuma consegue erradicar a doença, a amplitude e a transmissão do vírus está a ser contida, a circulação das pessoas está a ser retomada para padrões normais quanto aos atos essenciais da vida mas, para os velhos a situação não se alterou, qualitativamente falando: se contraem a doença têm uma probabilidade signif**ativamente elevada de morrer. Para as idades mais jovens o risco de morte é diminuto, embora sendo agora o grosso dos contaminados em resultado da sua maior circulação e contactos com o outro.
Continuamos nas mãos da ciência, mais do que das da medicina: sem avanços signif**ativos nos tratamentos ou no desenvolvimento de uma vacina mais ef**az que consiga erradicar a doença ou evitar a sua transmissão, a vida e a qualidade de vida social dos velhos está absolutamente comprometida e a sociedade, na ânsia de viver, pode-se acomodar e integrar esse facto no conceito de seleção natural.
Lisboa, 19 de setembro de 2021

24/12/2018

Ladainha dos Póstumos Natais
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito

David Mourão-Ferreira, in 'Cancioneiro de Natal'

29/10/2018

As raízes da Instituição
O Centro Popular D’Espie Miranda tem a sua origem no “Asylo” D’Espie Miranda, instituído em cumprimento de disposição testamentária do Dr. João José de Miranda (falecido em 17 de Fevereiro de 1874) e sua mulher, D. Emília Adelaide D’Espie Miranda (falecida em 4 de Março de 1892) e tem a sua sede na Rua B ao Bairro da Liberdade, nº 1 – Quinta da Mineira, Lisboa, (na toponímia anterior, o local era designado por Quinta da Mineira aos Arcos das Águas Livres), na propriedade deixada pelos seus instituidores.
Por vontade dos seus fundadores, tal estabelecimento destinar-se-ia a recolher artistas do s**o masculino que já não pudessem trabalhar, por velhice ou invalidez.
Por alvará do Governador Civil do Distrito de Lisboa de 8 de Fevereiro de 1893, foi nomeada uma comissão de três indivíduos para, em cumprimento das disposições testamentárias acima aludidas, proceder à instalação do asilo, administrá-lo interinamente, e organizar e submeter para aprovação os respectivos estatutos.
A comissão cumpriu o primeiro encargo em 1900, instalando e inaugurando em 6 de Junho desse ano o Asilo, na Quinta da Mineira, legada pelos instituidores para esse fim. Este facto f**a oficialmente reconhecido pelo despacho do Governador Civil que aprovou o orçamento do Asilo para o ano económico de 1900.
Passou também a administrar o Asilo a partir da data da inauguração; mas só vem a elaborar e a submeter os estatutos a aprovação em Janeiro de 1917, os quais vieram a ser aprovados em 12 de Abril desse mesmo ano, por alvará do Governador Civil de Lisboa e mais tarde, por despacho do Subsecretário do Estado da Assistência Social, de 12 de Novembro de 1956.
Fac-símile do documento original
Em 1973 tem lugar uma alteração estatutária e o Asilo passa a denominar-se Lar D’Espie Miranda, a qual foi aprovada por despacho do então Subsecretário de Estado da Saúde, datado de 17 de Maio de 1973, e publicado no Diário do Governo, III Série, de 12 de Junho de 1973.
Por despacho de 3 de Janeiro de 1977, publicado no Diário da República nº 32, III Série, de 8 de Fevereiro, são aprovados novos estatutos e o Lar D’Espie Miranda passa a denominar-se Centro Popular do Bairro da Liberdade, os quais são registados ao abrigo do nº 2 do artigo 15º do DL nº 594/74, de 7 de Novembro.
Em 1995, a instituição retoma o nome dos seus fundadores, mediante nova alteração estatutária, tendo a mesma sido publicada no Diário da República, III Série, nº 34, de 9 de Fevereiro de 1995, páginas 2373 e 2374.
A Instituição, inicialmente composta pelo edifício único onde viviam os fundadores e pela quinta, que com o seu aproveitamento económico ajudava a sustentar o empreendimento social, passa a contar a partir de 1926 com um outro edifício denominado de enfermaria (inaugurado em 11 de Julho de 1926) cuja construção foi financiada com doações de particulares (esmolas de benfeitores, de acordo com os registo da época).
A capacidade instalada é para 35 pessoas, a qual não vai oscilar muito até 2012, data em que f**a construído o novo edifício, passando a capacidade para 46 residentes.
À data da sua fundação, os benefícios concedidos aos «albergados» são: a alimentação, vestuário, calçado, assistência médica, enfermagem, tabaco, dormida e funeral. A sua capacidade a cada momento f**a pendente das «forças do cofre» para os receber. E até ao início dos anos 70 os benefícios concedidos aos institucionalizados não variaram muito no seu conteúdo, acompanhando de perto a assistência que se praticava em Portugal.

Foto de 1942
Já no final do século XX, em 1992, a quinta é substancialmente reduzida na sua área, com a construção do Eixo Norte-Sul e já no início deste século, em 2012, é concluído o novo edifício onde actualmente vivem os residentes, construído com o produto da alienação dessa parcela muito signif**ativa da quinta à Câmara Municipal de Lisboa aquando da construção do referido eixo viário.
Algumas curiosidades sobre a chegada dos progressos do século XX à Instituição:
• Março de 1931, aprovado o início da obra para instalação de luz eléctrica no edifício principal;
• Junho de 1932, aprovada a realização da obra para ligação da instituição às condutas da Companhia das Águas;
• Dezembro de 1936, aquisição do primeiro TSF “Fordson” pelo preço de 640$00 para “recreio dos residentes”;
• Janeiro de 1954, a necessidade da sustentabilidade da instituição impõe-se e são criados três grupos de institucionalizados (asilados, de acordo com a linguagem e os conceitos da época): 1º grupo – pensionistas, com a pensão mínima estabelecida de 300$00; 2º grupo – sócios colaboradores, com a quota mínima de 100$00; 3º grupo – indigentes, cujo encargo era suportado com financiamento da Direcção Geral de Assistência (de acordo com as contas aprovadas e depositadas no Governo Civil de Lisboa relativas a 1953, o custo com cada institucionalizado era de 153$30);
• Junho de 1957, é atribuído pela Companhia dos Telefones aquele que ainda é o seu actual número de telefone da Instituição, o 681945;
• Início de 1978, é instalado no edifício principal o primeiro elevador do Bairro da Liberdade.
Na actualidade, fazendo jus à sua história e ao objectivo que levou à sua fundação, a Instituição continua a prestar apoio aos mais desfavorecidos, tendo, 22 residentes dos 46 residentes a seu encargo económico, dada a sua comparticipação somada ao subsídio da Segurança Social ser inferior ao seu custo real, tendo como reflexo dessa situação o défice mensal de €2.500,00, correspondendo à diferença entre as despesas correntes da Estrutura Residencial para Idosos e as receitas totais geradas pela mesma, incluindo nestas a comparticipação da Segurança Social resultante do Acordo de Cooperação celebrado.

https://www.youtube.com/watch?v=Fr2xFBlQ6eg
21/10/2018

https://www.youtube.com/watch?v=Fr2xFBlQ6eg

Musica de Rodrigo Leão / Gabriel Gomes Poema de Herberto Helder (dito pelo próprio) As vozes e os poemas, ganham um singularíssimo suporte musical que procur...

https://www.youtube.com/watch?v=GqtkqH1zFGs
26/09/2018

https://www.youtube.com/watch?v=GqtkqH1zFGs

Cristina Branco - Era um redondo vocábulo - 0:00 - Menino d'oiro - 3:15 - Canto moço - 7:57 ___ Era um redondo vocábulo ___ Letra / música: Zeca Afonso Era u...

https://www.youtube.com/watch?v=EsrhD5LefJc
24/09/2018

https://www.youtube.com/watch?v=EsrhD5LefJc

Záznam koncertu portugalského souboru Sete Lágrimas, který uvedl program Tururu farara složený z duchovní hudby Portugalska, Španělska a jejich zámořských ko...

Endereço

Rua B Ao Bairro Da Liberdade, Nº 1/Quinta Da Mineira, Campolide
Lisbon
1070-017LISBOA

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