03/06/2025
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Filho que nunca nasceu… mas nunca foi embora
O silêncio de um ventre, a eternidade de uma ausência
Rosa chegou ao hospital aos 74 anos.
Vinha de uma zona rural, onde o tempo passa devagar e as dores aprendem a calar.
Reclamava de um incômodo abdominal antigo, persistente — uma presença muda que a acompanhava há décadas.
Nenhum histórico médico relevante, apenas a certeza de que algo dentro dela nunca foi explicado… nem esquecido.
Desta vez, os exames disseram o que as palavras não ousavam.
Uma ecografia. Depois, uma TAC.
E ali estava: um feto calcificado. Um bebê petrificado pelo tempo — há mais de 30 anos com ela.
Rosa apenas suspirou:
“Eu sabia que algo ficou dentro de mim.”
Aos 40, havia sentido o corpo mudar. Náuseas. Inchaço. Movimentos suaves sob a pele.
Era gravidez — ela sabia, mesmo sem médico, mesmo sem exames.
Mas um dia, tudo cessou.
Sem sangramentos. Sem parto.
Apenas um vazio crescente e uma estranha massa silenciosa no abdômen.
O nome clínico é litopédion — o chamado menino de pedra.
Uma das condições mais raras da medicina: quando um feto morre fora do útero e o corpo, sem conseguir absorvê-lo, o envolve em cálcio.
Uma sepultura silenciosa dentro do ventre.
Uma defesa da biologia. Um gesto de proteção.
Durante a cirurgia, os médicos removeram os restos cuidadosamente.
Ainda se viam costelas. Um crânio frágil. Uma mão minúscula, como se ainda esperasse por um carinho.
Os médicos ficaram perplexos.
Rosa, não.
Para ela, não era um caso clínico. Era seu filho.
Aquele que nunca nasceu.
Que nunca chorou.
Mas que, em silêncio, esteve com ela por mais de três décadas.
Hoje, sua história ecoa nos corredores da medicina — mas ultrapassa a ciência.
Porque o corpo tem memória.
Porque há silêncios que gritam.
E porque há dores — e amores — que resistem ao tempo, à ausência, à morte.
O menino de pedra nunca nasceu.
Mas em Rosa…
Nunca deixou de existir.
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