20/11/2025
Sobre a fatal estupidez humana
Antes da Pandemia em Dezembro de 2019,escrevi aqui um texto com este título.
Carlo Maria Cipolla (1922 - 2000) foi um dos maiores historiadores económicos contemporâneos, cuja fama o levou a leccionar nas melhores universidades do mundo. Escreveu vários livros um dos quais, "Allegro ma non troppo". Nesse livro, explica em jeito de "teoria geral" e com uma graça corrosivamente sarcástica e certeira, a estupidez humana em todas as suas vertentes e o seu impacto no universo das relações humanas, familiares, sociais, laborais e económicas, do conhecimento, da evolução, etc...ou seja na sua terrrível transversalidade fatal...
Num artigo de opinião já de 2013 , Anselmo Borges, com imensa graça, faz um apanhado sobre esse tema e esse livro. Diz ele no seu artigo que cito: "Para estabelecer as leis fundamentais da estupidez, é preciso, primeiro, definir quem é o estúpido. Para isso, ajudará a comparação com outros tipos de gente. Diz o autor que, quando temos um indivíduo que faz algo que nos causa uma perda, mas lhe traz um ganho a ele, estamos a lidar com um bandido. Se alguém realiza uma acção que lhe causa uma perda a ele e um ganho a nós, temos um imbecil. Quando alguém age de tal maneira que todos os interessados são beneficiados, estamos em presença de uma pessoa inteligente."
Num microcosmos que é um pequeno prédio com condomínio, claro que há todo o tipo de egoísmos, de cegueiras e de ignorâncias várias. Quando nos deparamos com situações imprevistas, tempestades, os agora chamados rios atmosféricos que não havia na minha infância na Figueira da Foz, inundações súbitas, tremores de terra, fogos, os inteligentes percebem a sua vulnerabilidade e interdependência. E cooperam para o bem comum, hoje calha-te a ti, amanhã a mim.
Isto para mim ajuda a definir quem é estúpido.
Mais do que nunca deveríamos ser solidários, gentis, corajosos e porque não, desempoeirados, a snobeira já não tem chic.
A Bondade é um acto de inteligência, de autoconsciência e de solidez moral.
Dito isto, aplicado à nossa situação actual de "Extinção" mais do que provável a muito curto prazo, protelamos soluções e comportamentos, persistimos no erro na vã esperança que por tantas vezes repetido, deixe de ser erro e se torne o correcto...
O desconhecimento das Leis da Natureza, por um lado, aliado a um progresso tecnológico que esconde mais do que ajuda a dissipar os erros repetidos, exponencia a Globalização da Estupidez, na minha opinião.
Só um exemplo aqui aplicado à Medicina: sabemos todos que prevenir é melhor que remediar, mas é mais rentável remediar, do ponto de vista económico, pelas enormes mais valias que gera:
Multinacionais do remédio, da tecnologia,do correr atrás do prejuízo.
Não há dúvida, na minha opinião, que os Médicos deveriam aprender logo no início da sua formação, noções de Nutrição e o seu impacto na patogénese das doenças, Psicologia e Comunicação, Medicina Paliativa, Abordagens Médicas Complementares, como os Fundamentos da Acupunctura e das Medicinas Chinesa e Ayurvédica, da Osteopatia...assim não lhes chamariam medicinas alternativas, pois a Medicina é só uma...
O impacto destas medidas seria benéfico para os doentes e para a sociedade em geral, deixaríamos de nos escudar só na vertente da medicina curativa.
Para finalizar:
Transcrevo outra parte do artigo: "É estúpido aquele que desencadeia uma perda para outro indivíduo ou para um grupo de outros indivíduos, embora não tire ele mesmo nenhum benefício e eventualmente até inflija perdas a si próprio. A maioria dos estúpidos persevera na sua vontade de causar males e perdas aos outros, sem tirar daí nenhum proveito. Mas há aqueles que não só não tiram ganho como, desse modo, se prejudicam a si próprios: são atingidos pela "super-estupidez".
É desastroso associar-se aos estúpidos".
E em jeito de conclusão, citando os mesmos autores "Contra a estupidez mesmo os deuses lutam em vão". SCHILLER.