28/07/2025
Epigenética afetiva: como as emoções influenciam o
seu DNA e o bem-estar
Nos últimos anos, a ciência tem revelado que não somos prisioneiros do que herdamos geneticamente. A epigenética, o estudo de como o ambiente, o estilo de vida e as emoções moldam a expressão dos nossos genes, veio para transformar a forma como entendemos o nosso corpo e mente. Sobretudo com os estados emocionais. E isso traz uma poderosa mensagem de esperança e autonomia para o nosso bem-estar integral.
Da mente ao gene: o poder das emoções
Os genes não funcionam como um destino fixo, mas como um conjunto de possibilidades que se ativam ou se silenciam dependendo das nossas experiências, hábitos e emoções. Se sentirmos stress crónico, por exemplo, certos genes que regulam a inflamação ou o sistema imunitário podem ser ativados, aumentando o risco de doenças. Pelo contrário, emoções positivas como a gratidão, o amor e a alegria podem promover a ativação de genes ligados à reparação celular, regeneração e equilíbrio hormonal.
Isto significa que o nosso estado emocional não é apenas um reflexo do que vivemos, mas um agente ativo na regulação biológica do nosso organismo. Assim, cuidar do equilíbrio emocional é cuidar da nossa saúde a nível celular.
Intestino, cérebro e DNA: uma tríade inseparável
Num artigo anterior, explorei o intestino como “laboratório da felicidade”. O microbioma intestinal, é um conjunto de microrganismos que habitam o nosso sistema digestivo e exerce um papel crucial na produção de neurotransmissores como a serotonina, que influencia diretamente o humor e o sistema nervoso central.
Estas substâncias também interferem nos processos epigenéticos, modificando a forma como o nosso DNA se expressa. Um ambiente microbiano equilibrado promove a ativação de genes que regulam a imunidade e a inflamação, reduzindo o risco de doenças autoimunes e melhorando o nosso estado emocional. É, portanto, fundamental nutrir o intestino não só com alimentos funcionais, mas também com hábitos que promovam a saúde emocional.
A dupla ação da alimentação e das emoções na epigenética
Alguns alimentos têm efeitos comprovados na modulação epigenética. Os mirtilos, por exemplo, são ricos em polifenóis que atuam como antioxidantes, protegendo o DNA do dano oxidativo e regulam genes relacionados à inflamação. A pimenta, que muitos podem achar picante demais, contém capsaicina, um composto que pode influenciar vias metabólicas e reduzir processos inflamatórios.
O kiwi, está carregado de vitamina C e enzimas que melhoram a digestão e favorecem a regeneração celular. Quando combinamos estes alimentos com um estado emocional positivo, potenciamos um ambiente biológico ideal para a saúde e a longevidade.
Mas não são só os alimentos que têm impacto. As emoções que cultivamos diariamente moldam a expressão genética de forma direta. O stress crónico, a ansiedade e a tristeza crónica tendem a ativar genes pró-inflamatórios, enquanto estados de alegria, gratidão e amor ativam genes que promovem a homeostase e a regeneração.
Práticas para ativar a epigenética afetiva no seu dia a dia
Nutrição diária consciente
Inclua superalimentos ricos em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios na sua alimentação. Experimente uma salada com mirtilos frescos, folhas verdes, kiwi em pedaços e um toque de pimenta moída. Estes ingredientes nutrem o corpo e influenciam
positivamente a expressão dos seus genes.
Mindfulness emocional
Reserve 5 minutos diários para um exercício simples: sente-se confortavelmente, feche os olhos e respire profundamente. Foque-se em sentir gratidão por algo que aconteceu no seu dia, por pequeno que seja. Pode escrever num diário ou simplesmente interiorizar esse momento. Esta prática ativa áreas do cérebro ligadas ao controlo do stress e, consequentemente, regula a expressão genética.
Movimento com intenção
A atividade física regular, como yoga, caminhada na natureza ou dança, não só melhora a circulação e o metabolismo, mas também influencia positivamente o epigenoma.
Movimentos conscientes ajudam a reduzir marcadores de stress, equilibrar hormonas e ativar genes protetores.
Casos reais: quando a epigenética afetiva transforma vidas
Maria, uma cliente que acompanhámos durante seis meses, relata que a combinação entre a mudança alimentar, prática diária de mindfulness e exercício físico transformou a sua vida. Sofria de ansiedade e cansaço crónico, mas ao introduzir pequenas alterações, mais kiwi e mirtilos, momentos de gratidão e yoga semanal, sentiu um aumento de energia, melhor sono e menos sintomas emocionais.
Os seus exames mostraram redução dos marcadores inflamatórios, confirmando que o corpo reagiu também a nível celular.
Este testemunho reforça que o caminho para o bem-estar não é apenas cuidar do exterior, mas nutrir o interior em todas as suas dimensões.
O futuro da saúde integral está na epigenética afetiva
Vivemos numa era em que a ciência e a espiritualidade podem caminhar lado a lado.
Cuidar das emoções é um gesto de amor profundo por nós mesmos e uma forma poderosa de alimentar o nosso DNA para uma vida mais saudável, plena e equilibrada.
Convido-o a experimentar um desafio simples: durante 21 dias, escolha um alimento anti-inflamatório para integrar na sua dieta, pratique um exercício breve de gratidão e realize uma atividade física que goste. Observe as mudanças no seu corpo, mente e energia. Porque a saúde integral nasce da consciência que temos sobre o que sentimos,
pensamos e comemos.
Paula Mouta
Diretora da Unidade SER Epigenética Integrativa By Quantum Global Care
Presidente do Observatório da Saúde dos Povos