
04/09/2025
PORQUE NA LAPSIS ACREDITAMOS QUE SÓ PODEMOS CRESCER SE ESTIVERMOS ABERTOS A UMA APRENDIZAGEM CONTÍNUA:
O tempo que se vive quando se aprende
Existe um tempo que os relógios não medem, tempo esse que se aprofunda e envolve, mesmo quando parece passar depressa demais. Foi esse o tempo que vivemos ao longo das 160 horas de formação iniciadas em outubro e concluídas agora em julho,
um tempo feito de encontros, descobertas e aprendizagens. A cada sessão ampliávamos os nossos horizontes e colecionávamos experiências e aprendizagens. O tempo ganha
outra medida, estávamos ali por inteiro, de corpo e mente, envolvidas nas mais variadas descobertas sobre diversos temas. Foram 10 meses de experiências “fora da caixa”.
Atividades diferentes, inesperadas, por vezes “estranhas”, que nos tiraram da zona de conforto e nos colocaram diante de novas formas de ver, de sentir e de pensar.
Foram meses que nos convidaram a questionar o mundo e a perceber que quase tudo, senão tudo pode ter mais que uma leitura e interpretação. Aprendemos que raramente a
realidade é linear e que poucas coisas são absolutas. Existe sempre outro ponto de vista, outra história por detrás daquilo que é visível. O tempo, nesses encontros, parecia
comportar-se de forma curiosa. Havia momentos em que voava, devido à curiosidade e entusiasmo das novas aprendizagens. Outras vezes, parecia abrandar, especialmente quando nos confrontávamos com nós mesmos, com emoções desafiantes, com aprendizagens que exigiam mais do que escutar, exigiam entrega e transformação.
Começámos por ouvir música, brincámos com palavras e bonecos, habitámos casas simbólicas e construímos monumentos, ideias e emoções com lego. Pintámos e
desenhámos com as mãos, com os pés e com a sensibilidade que vive em nós. Demos vida a árvores, casas e pessoas, e nelas projetámos não apenas formas, mas sentimentos, memórias e sonhos. Entre as tintas e as histórias, entre os te**es projetivos como o Rorschach e o CAT, aprendemos a olhar além do óbvio. Vimos filmes, discutimos casos, interpretámos sinais do corpo e da mente e dançámos. Aprendemos muito, especialmente com o psicodrama, onde compreendemos que o corpo também comunica, para além das palavras. A partir da leitura de livros e contos, partilhámos impressões e reconhecemos nas entrelinhas interpretações e visões diferentes das nossas. Houve
espaço para falar sobre a realidade do mundo, temas como religião e fé, questionámos os dogmas absolutos e refletimos sobre o que o mundo sente, dando lugar à dúvida e à
empatia genuína. Falámos de emoções, da sua expressão na cabeça e no cérebro.
Discutimos neurociência, alimentação, música, aprendizagem. Construímos objetos, depois analisámos como essas construções dizem tanto de nós e das crianças com quem
trabalhamos, assim como o mundo que habitamos, que nos molda e nos afeta, mesmo quando não nos damos conta.
O tempo que partilhámos transformou-nos num grupo com mais do que um propósito comum, criou-se entre nós uma ligação feita de presença, escuta e empatia.
Aos poucos, formou-se uma identidade coletiva, baseada na convivência e no reconhecimento mútuo. No final, fomos capazes de adivinhar quais as experiências que mais tocaram cada uma, como se cada percurso individual tivesse sido, de alguma forma, vivido por todas.
Esse tempo que poderia parecer longo no calendário foi breve, porque estávamos interessadas, envolvidas e o tempo deixou de ser um número. A aprendizagem que aconteceu aqui foi mais do que teórica. Foi vivida e sentida. Compreendida no corpo e
no pensamento. E isso, nenhuma cronologia consegue traduzir. Crescemos. Pensámos de forma diferente. Levámos connosco não apenas conteúdos, mas percepções novas.
Formas mais humanas, mais empáticas e mais conscientes de olhar para a criança e para o adolescente, para o outro e para nós próprios.
As estagiárias do ISPA (ISPA - Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida):
Madalena
Margarida
Mariana