22/10/2025
Mãe Terra é uma expressão anterior em muito à religião católica organizada e afirmada em muitas regiões dentro e fora do seu âmbito.
No início a espiritualidade, os cultos e os rituais eram infundidos pelo Feminino, por sacerdotisas, por mulheres-medicina que, na sua essência faziam a conexão com o Divino, através da sabedoria da Natureza e dos Elementos, da intuição, da sensibilidade e da sensitividade para além de outros dons movidos pela compaixão, pelo coração, pela coragem, pelo empoderamento e confiança em si próprias e no profundo respeito pelo Divino, mas um Divino feito de Céu e Terra.
A sexualidade e a sua energia sagrada era venerada e trabalhada, bem como o reconhecimento da beleza da Vida, a sabedoria, a medicina energética, natural e das ervas, plantas, raízes, infusões e defumações.
A Mãe Terra é um Ser Consciente que sempre disponibilizou os seus recursos aos povos que a honravam e respeitavam, e falavam com ela, com os rios, com as árvores, com as montanhas, com o fogo, com o vento, com a chuva; não era vista como um recurso ambiental qualquer que servisse a superioridade do homem ou os seus interesses económicos ou industriais.
Isto não é activismo ambiental, isto é o regressar às origens do equilíbrio entre o homem, as outras espécies e a Natureza, numa simbiose de harmonia, respeitando, contudo, naturalmente, a cadeia alimentar, mas sendo grato por ela.
São Francisco de Assis, tão venerado, tinha os animais, as aves, os peixes e os outros seres como seus irmãos.
A religião católica foi a única que demonizou a Serpente guardiã do Fruto do Conhecimento, tendo a Humanidade sido expulsa do Paraíso, pairando ainda essa culpa no nosso inconsciente colectivo e nas doutrinas.
Em todas as outras religiões os humanos foram incumbidos de serem os cuidadores do Paraíso.
Na cultura dos Andes, da comunidade Q'ero pratica-se, desde há longas gerações e transmite-se os Rituais do Munay Ki, Sendo Munay = amor e Ki = energia.
Um dos rituais capacita-nos, se assim o assimilarmos, a sermos Guardiões da Terra, no sentido de retornarmos a essa responsabilidade e harmonia através do nosso exemplo.
Existe também o Ritual do Útero, uma forma linda, suave e poderosa de devolver a mulher à sua essência feminina, limpando e purificando todos os traumas físicos, psicológicos, emocionais e energéticos que ela carrega em si desde há gerações.
Honrando também a menstruação.
A religião instituíu um carácter de patriarcado à sua prática, fazendo prevalecer o masculino acima do feminino.
A razão acima da intuição, a lógica racional acima da sensibilidade.
Toda a Criação da Terra e do Céu foi Divina, através de uma supraconsciência intemporal.
E demonstrando-nos naquilo que nos parece tão remoto e selvagem, também foi criado e transmitido desde então o Ritual dos Guardiões das Estrelas, fazendo a conexão com um plano mais vasto do qual também fazemos parte enquanto pó de estrelas que também somos.
Os Antigos tinham o seu próprio conhecimento profundo e assertivo das constelações, dos calendários das Luas, dos equinócios e criaram estruturas terrestres que permitissem comprovar e seguir com precisão essas fases.
Existe, assim, uma conexão primordial entre o Céu e a Terra, entre o homem e a sua comunicação com o mundo animal, aprendendo com e através dele e dos seus arquétipos, que se foi perdendo e se tenta redescobrir, desta vez no mundo ocidental, e com a Natureza, que tão incompreendida e mal tratada nos continua a acolher e a suprir as nossas necessidades mais básicas.
Possamos ser nós agora, efectivamente, os seus guardiões, para as gerações futuras e para curar os males das gerações passadas.
Aho 💚🌍