11/12/2025
Não compliques o que é simples - a espiritualidade.
Não queiras simplificar o que dá trabalho - conheceres-te e trabalhares em ti.
Caminha com os pés na terra, a mente no alto e o coração a meio.
O equilíbrio nem sempre é fácil nem evidente.
Tens de adoptar uma visão terrena e transcendente e conjugar as duas, como duas lentes que se sobrepõem e originam uma cor diferente no nosso campo de visão e percepção.
Tens de agir e ao mesmo tempo seres um observador de ti próprio/a, seres matéria e consciência.
Tens de te conhecer de dentro para fora e de fora para dentro; saberes em consciência quais são os teus pontos fracos, no teu relacionamento com os outros e contigo próprio/a, mas também as tuas virtudes, aquilo que é natural e espontâneo em ti e que te eleva e eleva os que estão à tua volta e que vos faz bem, ao nível físico, mental, emocional, espiritual, cada qual com os seus dons e atributos.
Tens também de saber separar as águas, saber o que é teu e o que pertence ao outro.
Trabalhares em ti é isso mesmo, e não te sentires com o dever ou a obrigação de fazer o trabalho pelo outro, que deverá passar pelas suas próprias lições, que levarão ao seu crescimento e evolução pessoal.
Quanto à espiritualidade, ela é tão simples como respirar, sem teorias, dogmas ou restrições.
Nós já somos seres espirituais a viver uma experiência fisica, e não o inverso, embora a maioria de nós não o saiba, porque muitos que sabem não o dizem, e os outros continuam num sono profundo, o do auto-desconhecimento e da pergunta mais importante que te podes fazer e que te levará toda uma vida, aliás, muitas vidas, porque está em permanente actualização, se a isso te dispuseres: "Quem sou eu?"
A Natureza é espiritual, e nós somos parte integrante da Natureza, tão grandes e importantes como o sol, uma montanha ou uma formiga, um grão de areia.
Todos ocupam o seu espaço no plano maior da vida, partilhando os quatro elementos, terra, ar, fogo, água, e o quinto elemento, o éter, o Divino, o fogo da criação, de onde todos nós somos originários e feitos da mesma matéria divina, que se reparte por todas as suas criações.
O riso é espiritual, assim como o choro, caracterizando o Ser ao nível das emoções e criando um equilíbrio necessário e saudável nos nossos estados de espírito.
A matemática, a geometria são espirituais, são sagradas, encontrando-se nos contornos da Natureza e aplicados nos monumentos por quem era iniciado nessa sensibilidade e conhecimento.
As artes, literárias, visuais, musicais são espirituais, pois são expressões sublimes da Alma.
O que consideramos pecado é espiritual, porque todos nós somos luz na sombra e sombra na luz.
Essa dualidade faz-nos distinguir as várias experiências por que passamos, ao longo de vidas, e caracterizá-las de certo ou errado, e com todas elas aprendemos, até chegarmos a um estado em que reconhecemos as nossas imperfeições perfeitas e o Capuchinho Vermelho deixa de ter medo do Lobo Mau, porque há sempre dois lobos que habitam nela; a diferença está na escolha de qual deles vai alimentar.
Mas ambos são indissociáveis um do outro.
Poderás mortificar-te por pecar e queres purificar-te, como fizeste na Idade Média, mas será muito mais fácil se te aceitares como és, na tua luz e na tua sombra e alimentares da melhor forma a cada dia a tua versão luminosa sem carregares essa culpa, mas assumindo o compromisso contigo próprio/a e, como disse no princípio, sendo a consciência que se observa.
Mas isso dá trabalho, dói, tira o sono, tira o apetite, tira "amigos". Mas traz também enormes recompensas, que apenas mais tarde são compreendidas.
Requer integridade, humildade, mas também coragem e presença, mesmo quando ninguém mais está a ver; apenas a consciência, da qual nada consegues esconder. De ti próprio/a.
Interpreta, assim, como quiseres e sentires e não compliques, nem simplifiques.