08/04/2025
A ruminação mental é um processo cognitivo caraterizado pela repetição persistente e passiva de pensamentos negativos ou preocupações, frequentemente centrados em situações passadas, problemas não resolvidos ou sentimentos de fracasso e inadequação. Trata-se de um fenómeno psicológico transdiagnóstico, isto é, presente em várias condições psicopatológicas e que se distingue pela sua natureza circular, improdutiva e intrusiva. Em vez de promover a resolução de problemas, a ruminação tende a manter ou intensificar o sofrimento psicológico.
Mecanismos e características centrais da ruminação
1. Foco no conteúdo negativo:
Os pensamentos ruminativos geralmente estão centrados em emoções desagradáveis (tristeza, vergonha, raiva, medo) e eventos percebidos como ameaçadores ou aversivos.
2. Estilo de pensamento passivo:
Ao contrário da reflexão construtiva, a ruminação não visa a compreensão ativa ou a ação transformadora. O sujeito sente-se muitas vezes preso no pensamento, sem alcançar soluções ou alívio emocional.
3. Persistência e recorrência:
O conteúdo ruminativo tende a ser repetitivo e resistente à distração, com episódios que podem durar minutos, horas ou até dias, interferindo com o funcionamento cognitivo e emocional.
4. Autorreferencialidade:
A ruminação frequentemente envolve uma focalização intensa no self, como nos pensamentos:
“Por que sou sempre assim?”, “O que está errado comigo?”, “Devia ter feito diferente.”
É importante distinguir ruminação de reflexão adaptativa. Enquanto a reflexão é orientada para o crescimento pessoal e resolução de problemas, a ruminação é circular e autossabotadora.