06/11/2024
Quando a dislexia não é respeitada pela escola, os pais/mães com filhos disléxicos têm que se munir de informação e coragem para lutar pelos direitos das suas crianças/adolescentes. O testemunho que trazemos hoje é um desses casos.
“O meu filho tem dislexia, diagnosticada há 2 anos. Tem RTP elaborado pela psicóloga da escola, seguindo recomendações da equipa que o diagnosticou e este foi respeitado (quase) sempre pelos professores do 1º ciclo. Este ano, quando iniciou o 5º ano, fui informada pela DT que as medidas previstas no RTP não seriam aplicadas nos 1os te**es, já que os professores queriam ver quais as suas reais dificuldades para poderem fazer os ajustes necessários às medidas. Até porque, na opinião da equipa pedagógica, “ele tem muito boas notas para quem tem dificuldades.”
Discordei e disse-lhe que o RTP do ano anterior estaria em vigor até à elaboração do seguinte. E que ele tinha boas notas porque as medidas lhe permitiam atingir o seu potencial. Fiz reuniões com a DT e com a direção da escola. À custa da minha insistência, persistência e tempo dedicado à causa, consegui que voltassem atrás na decisão. Foi difícil, mas consegui.
Percebi que não é só na escola do meu filho que isto acontece. Parece que é um procedimento habitual, ainda que não recomendado. Não entendo a resistência dos profs em aplicarem as medidas previstas no RTP, já que estas servem apenas para colocar estas crianças ao mesmo nível das outras. Não são um bónus. São um direito. E porque é que por terem boas notas, podem dispensar as medidas?
O meu filho trabalha muito para conseguir as notas que tem. Esforça-se diariamente, dentro e fora da escola. Faz terapia para ultrapassar as dificuldades ao nível da leitura, erros ortográficos e compreensão de textos. Eu mudei a minha vida profissional para poder dar-lhe o apoio de que necessita. Estou permanentemente cansada. Mas ainda tenho que ter energia para lutar pelos seus direitos, junto de quem devia estar no mesmo lado da batalha que eu e o meu filho.
Desculpem o desabafo, mas é difícil falar com quem não passa pelo mesmo. Obrigada pelo trabalho que fazem. Aqui, sinto-me compreendida”.