29/09/2025
Tecnologias e Adolescência: Entre Riscos e Oportunidades
Hoje vou-vos falar de uma idade maravilhosa, a adolescência 👦👧
Vivemos numa era digital em que a presença das tecnologias é inegável e transversal a todas as faixas etárias. No entanto, é durante a adolescência que o impacto destas ferramentas tende a ser mais marcante, moldando comportamentos, relações e até a construção da identidade. Como psicóloga, tenho acompanhado de perto as mudanças nos padrões de desenvolvimento emocional, social e cognitivo dos adolescentes, e é importante refletir sobre os benefícios e os desafios que o uso intensivo da tecnologia acarreta.
Por um lado, as tecnologias oferecem oportunidades únicas: acesso rápido à informação, desenvolvimento de competências digitais, possibilidade de expressão criativa, e conexão com pares, especialmente em momentos de isolamento ou distância física. Plataformas como redes sociais, fóruns ou jogos online podem, quando bem utilizadas, funcionar como espaços de pertença e apoio, tão importantes nesta fase de vida.
Contudo, é fundamental reconhecer também os riscos. O uso excessivo das tecnologias pode interferir com o sono, a concentração e o rendimento escolar. A exposição constante a estímulos digitais pode levar a uma menor tolerância à frustração e ao tédio, dificultando a autorregulação emocional. Além disso, fenómenos como o cyberbullying, a comparação social nas redes ou a dependência digital têm-se tornado preocupações recorrentes nas consultas de psicologia com adolescentes.
Um dos grandes desafios atuais é o equilíbrio: promover um uso consciente e saudável da tecnologia, sem a demonizar, mas também sem ignorar os seus impactos negativos. Para isso, é essencial o envolvimento ativo dos adultos – pais, educadores e profissionais de saúde mental – na mediação e na educação digital dos mais jovens. O diálogo aberto, a definição de limites claros e o exemplo dado pelos próprios adultos são fundamentais para que os adolescentes aprendam a gerir o seu tempo online de forma autónoma e responsável.
A tecnologia não é, por si só, o problema. O modo como é utilizada e integrada no quotidiano dos adolescentes é que define se será uma aliada no seu desenvolvimento ou uma fonte de desequilíbrio. A nossa missão, enquanto profissionais da saúde mental, passa por ajudar os jovens a encontrar esse equilíbrio, promovendo o autoconhecimento, a reflexão crítica e o bem-estar psicológico num mundo cada vez mais digital.
Ana Sousa Charneira
Psicóloga Clínica : Lisboa-Montijo-Barreiro