24/12/2025
Ela pariu com o corpo.
E com a alma inteira dentro dele.
Não pediu autorização.
Não esperou validação.
Não precisou que lhe dissessem como fazer.
Porque quando o espírito confia na carne,
a vida sabe por onde passar.
A vida atravessou-a
porque ela soube abrir-se.
Não só o ventre —
mas a escuta,
a entrega,
a presença.
Sentiu.
Respirou.
Gritou, se foi preciso.
E permaneceu.
O corpo sabia.
Sempre soube.
Porque carrega memórias antigas.
Porque lembra o caminho
entre mundos.
O sangue guardava a história.
A dor abria o caminho.
O cansaço ensinava a soltar.
Era rito.
Era passagem.
Era iniciação.
Da carne fez-se vida.
Do ventre fez-se mundo.
Do corpo, um portal.
O Sagrado não desceu do Céu —
ergueu-se da Terra,
do corpo quente,
do útero vivo,
do leite,
do colo,
da Mulher que se entregou.
O Natal não é sobre pureza.
É sobre encarnação.
É sobre coragem.
Sobre dizer sim à matéria.
Sobre permitir que o invisível
ganhe forma.
É sobre uma Mulher
que aceitou a Missão de abrir caminho
para que algo Maior pudesse nascer.
Toda a criação passa por um corpo.
E toda a Mulher que confia no seu,
torna-se portal entre o Céu e a Terra.
E quando habita o corpo com consciência,
torna-se medicina, para ela e para o Mundo!