03/05/2024
Sei que é longo o texto que publicamos, mas não deixe de ler, amanhã pode ser o seu familiar!
Na intervenção com as pessoas mais velhas, NÃO VALE TUDO!
A dependência e vulnerabilidade só por si não é justificação, para termos serviços de saúde, neste caso falo de hospitais que continuam a olhar para as pessoas como uma peça de um puzzle, aqui há vaga e cabe bem, é aqui que vai ficar e se recusar tem alta e vai para casa á sua responsabilidade e da família.
Ora, se bem me recordo e dos anos todos que tenho de prática e teoria, estamos a trabalhar com os direitos das pessoas e não com os direitos dos serviços, nem as pessoas têm de servir os serviços, a obrigação legal e de direitos humanos, já para não dizer das pessoas idosas é que os serviços têm a obrigação de olhar a pessoa como um todo e garantir os seus direitos!
Contudo, "continuamos" a olhar para as pessoas como um número numa lista e afastamos pessoas do seu bem-estar holístico, integral, multidimensional, das suas relações de afetividade, da sua família que está presente diariamente e que quer estar presente quer fazer parte do plano individual de reabilitação e promover o equilíbrio psicossocial, quer motivar para a recuperação, e olha o SNS decide que esta pessoa como há vaga numa unidade a 100kms vai para longe e desenraíza a pessoa do seu conforto, do seu acolhimento familiar, provocando um desequilíbrio no agregado familiar, um mal-estar biopsicossocial em todo este agregado.
Segundo me recordo, um dos direitos é
"Os idosos devem ter acesso a cuidados de saúde que os ajudem a manter ou a readquirir um nível ótimo de bem-estar físico, mental e emocional e que previnam ou atrasem o surgimento de doenças"
Então, após diversos pedidos da família, com idas do cônjuge para a urgência do hospital, por saber que vai ter de abdicar da sua esposa, sendo este ao longo da vida o seu cuidador principal, por ficar inibido de ver a esposa (com patologia psiquiátrica entre outra co morbilidades), de garantir o seu equilíbrio emocional, nada! Foi negada mais uma vez a espera na RNCC para integrar uma unidade mais perto do seu agregado familiar.
Acredito nos profissionais, acredito que os sistemas funcionam, mas acredito que as pessoas e os profissionais fazem os sistemas.
Esta reabilitação numa unidade longe do acolhimento e conforto diário, situação que a família já faz diariamente e nunca deixa de ir a uma visita, levar o almoço, garantir que a pessoa está bem, terá efeitos colaterais irreparáveis!
Não podemos continuar a trabalhar assim, as pessoas não são números, não são peças de um puzzle!
Nós assistentes sociais devemos ter uma forte palavra a dizer nestas situações já que outros profissionais escondem a cabeça como uma avestruz!
Não ver não significa que não aconteça!!!
Temos muito para mudar nestas situações, devemos ser ouvidos para que estas situações não continuem a acontecer!