21/12/2025
Fim de ano e luto, o que merece atenção:
O sofrimento de quem está em luto não começa nem termina por causa das festas. O que acontece neste período é uma maior ativação emocional.
Datas carregadas de signif**ado tendem a despertar lembranças, vínculos e ausências que já fazem parte do processo.
Sentir a dor mais presente nestas épocas não indica retrocesso, nem fragilidade emocional.
Trata-se de uma resposta esperada diante de estímulos simbólicos intensos.
Outro ponto central é o conflito entre o mundo interno e o cenário externo. Enquanto o ambiente social convoca celebração e convivência, a pessoa enlutada pode estar a viver algum recolhimento, cansaço ou silêncio. Reconhecer este desencontro ajuda a reduzir culpa e a autocrítica.
O cuidado neste momento não está em evitar datas comemorativas nem em exigir reações emocionais que não correspondem à realidade vivida. O foco deve ser atravessar este período respeitando limites, possibilidades e o ritmo próprio do luto.
Também é importante observar como a pessoa está a funcionar. Alterações signif**ativas no sono, no apetite, no nível de energia, no isolamento ou na esperança merecem atenção e suporte adequado.
Observar não é rotular, é cuidar.
O luto não pede performance emocional.
Pede presença, continuidade e respeito ao processo.
Atravessar o fim do ano não é sobre dar conta de tudo, é sobre seguir sem se abandonar. Sem se criticar e sem receber críticas.