
20/11/2024
Neste dia em que se comemora a Convenção Internacional dos Direitos das Crianças, é importante reafirmar que elas têm direito a ser (“só!”) crianças. E a terem muito tempo para que a infância não lhes fuja. Que têm direito a crescer com sobressaltos e devagar. O direito a serem frágeis e sensíveis. E a errar e a perder. O direito ao espanto e ao encantamento. E a perguntar “porquê?”, eternamente.
Mas é indispensável que se diga que as crianças nunca serão nem felizes nem saudáveis se os pais se virem privados dos seus mais indispensáveis direitos para crescer!
O direito a não serem pais de manual. O direito a não viverem presos a tutoriais. E o direito a insurgirem-se contra uma psicologização insuportável de tudo e de mais alguma coisa, como se eles, só por si, não pudessem ser pais movidos pela sensatez e pelas convicções que lhes aprouver. Atentos. A porem-se em causa, Mas a ousarem ser melhores pais, todos os dias.
E têm direito a não achar graça nenhuma a todos aqueles que lhes dizem que, não os querendo culpabilizar, lhes trazem culpa e mais culpa. Por tudo o que alguém ache que eles fazem mal feito. Tentando espartilhá-los num ideal de tecnocracia parental que não lhes permite que aprendam a ser pais, errando; devagarinho. Só porque não renunciam ao seu milenar direito a ter convicções. E à comovente rebeldia de reclamar um sexto sentido que os leva a escutar com o coração e a pensar com alma e coração.
Os pais têm, ainda, o direito de reclamar a sua bondade, mesmo quando não pedem desculpa sempre que dizem: “não!”. E a não ficar sufocados mal levantam a voz. Ou quando, de tão exaustos, podem, por uma vez que seja, não ser justos.
Os pais têm o direito a reclamar que os pais perfeitos são os grandes inimigos dos bons pais. E que, ao contrário daquilo que lhes dizem, o futuro irá continuar a aceitar pais inseguros e filhos imperfeitos. Mas que nada disso faz com que os pais e as crianças, sempre que não se privem dos seus direitos, façam do amor uma urgência com futuro.