Carina Rodrigues Nave - Psicóloga Clínica

Carina Rodrigues Nave - Psicóloga Clínica Psicologia (+16 anos) | Psicoterapia | Terapia Familiar | Terapia de casal | Exclusivamente online

22/10/2025

Os estilos de vinculação tornaram-se rótulos.

Ansiosa, evitante, desorganizada, segura….

Mas a vinculação nunca foi uma tipologia de categorização. É um processo vivo, relacional, que se molda às experiências de segurança ou ameaça.

Quando dizemos “sou ansiosa” ou “sou evitante”, estamos a esquecer-nos de algo essencial: nós não nascemos assim.

Tornámo-nos assim em resposta ao que vivemos.
Cada padrão é uma estratégia de proteção aprendida, uma tentativa inteligente de sobreviver a um amor/cuidado que, em algum momento, foi imprevisível ou inseguro.

A boa notícia é que o que foi aprendido também pode ser desaprendido.

A vinculação é plástica.
Transforma-se quando encontramos relações estáveis, previsíveis, empáticas. Em terapia, na amizade, no amor, podemos reconfigurar a forma como nos ligamos ao outro.

Para o terapeuta, fica o lembrete ético:
rotular é fixar, cristalizar na “doença”, incapacitar à mudança. Ajudar a compreender é libertar.

O teu padrão não é quem tu és. É apenas a melhor forma que encontraste, um dia, para te manter segura.

21/10/2025

Muitos acreditam que alcançar uma vinculação segura significa deixar de sentir emoções desconfortáveis (ou negativas, como muitos lhe chamam).

Mas segurança emocional não é ausência de emoção, é a capacidade de a conter, de a regular.

Numa vinculação segura, o medo não desaparece.
A diferença é que já não nos domina. O ciúme deixa de ser ameaçador, a presença de dúvida deixa de romper com o vínculo, a vulnerabilidade deixa de ser vista como uma fraqueza.

A segurança não é um estado imune à dor.
É uma experiência interna que permite sentir sem nos desorganizar. É a confiança de que, mesmo quando o vínculo é colocado à prova, existe um regresso possível.

Na prática clínica, isto implica repensar objetivos:
a terapia não deve servir apenas para eliminar sintomas, mas acima de tudo para ampliar a janela de tolerância emocional dos nossos pacientes. No fundo, para ajudar o paciente a construir espaço interno para acolher o medo, a saudade, o desconforto, sem precisar de se afastar, atacar ou controlar.

Ser seguro não é nunca sentir medo. É saber que, mesmo com medo, o vínculo continua a existir, preservado.

Um pensamento solto 🫂
13/10/2025

Um pensamento solto 🫂

09/10/2025

Fomos ensinados a acreditar que o auge da maturidade emocional é “não precisar de ninguém”. Mas esta ideia, tão celebrada e repetida, é uma distorção perigosa.

Porque a verdadeira segurança emocional não nasce da independência absoluta, mas sim da confiança. Da capacidade de depender com segurança. De poder precisar do outro sem medo de perder a dignidade ou o amor.

Uma dependência saudável, funcional, não aprisiona ninguém. Dá-nos chão.

E é a partir desse chão que nasce a verdadeira autonomia: a liberdade de explorar, de crescer, de ser quem somos, sabendo que, se algo falhar, há um lugar seguro a que podemos voltar.

Muitos dos que se orgulham de “não precisar de ninguém” não estão curados de todos os males. Estão em defesa. Aprenderam que depender era arriscado, que amar era estar vulnerável demais. E por isso confundem força com isolamento.

Curar é reaprender a confiar. É voltar a permitir que o outro nos toque sem nos perdermos a nós mesmos. É lembrar que a segurança não se conquista a sós, constrói-se a dois (ou a quantos precisarmos).

08/10/2025

Desde ha muito (demasiado) tempo que vejo este estado de sentir a que chamamos de vinculação ansiosa é reduzido a estereótipos: pessoas “carentes”, “dependentes”, “emocionalmente imaturas”. Mas estas leituras simplistas só servem para reforçar a vergonha e o isolamento de quem vive em permanente medo de perder a ligação.

A verdade é que, para muitas destas pessoas, a infância foi marcada por experiências de presença intermitente. Pais emocionalmente disponíveis em alguns momentos, ausentes noutros. E esta instabilidade precoce molda o sistema nervoso para a hipervigilância: a pessoa cresce a tentar prever o momento em que deixará de ser amada.

Na idade adulta, o que vemos no seu comportamento não é manipulação, mas sim uma tentativa desesperada de manter o vínculo. Não é uma dependência cega e doentia, é a memória viva de um amor que magoava porque nunca era inteiramente seguro.

Por isso, quando alguém com vinculação ansiosa pede contacto, explicações ou reafirmação, o que realmente está a pedir é segurança. É a certeza de que pode ser amada mesmo quando não é forte, mesmo quando não está bem, quando tem medo, mesmo quando sente demais.

E este lugar de cura não acontece no desapego, mas sim num lugar de segurança.

Conhece a nossa equipa 🤎Cada uma de nós traz a sua experiência, formação e paixão para criar um espaço seguro onde podes...
07/10/2025

Conhece a nossa equipa 🤎

Cada uma de nós traz a sua experiência, formação e paixão para criar um espaço seguro onde podes explorar o teu mundo interno e relacional e transformar as tuas relações.

Estamos aqui para te acolher e guiar na tua jornada de liberdade emocional.

Juntas por um propósito: transformar vidas, um coração de cada vez 🫂

07/10/2025

Nem sempre quem se afasta ou se desliga não se importa.

Às vezes, afasta-se porque amar ativa medo. Medo de falhar, de ser invadido, de se perder no outro, de não ser suficiente.

O evitamento não é desamor, é um excesso de alarme interno. É um sistema nervoso hipervigilante, que aprendeu a sobreviver através do controlo, do desligamento e da auto-suficiência.

Mas por baixo dessa aparente frieza, há dor. Há uma criança que um dia precisou de se desligar para aguentar e sobreviver ao que era demasiado doloroso. Que aprendeu que mostrar vulnerabilidade era arriscado. Que amar significava ficar vulnerável demais.

Quando rotulamos o evitamento como egoísmo, frieza, narcisismo, perdemos a oportunidade de o compreender.

E só o que é compreendido pode curar-se.

06/10/2025

A teoria da vinculação é, talvez, uma das construções mais belas e transformadoras da psicologia.

Mas, nos últimos anos, tem sido reduzida a um discurso simplista que a desvirtua: “os ansiosos são assim”, “os evitantes são assado”, “os seguros fazem isto”.

E, no meio desta tentativa de classificação, perdeu-se o coração da teoria: a compreensão da dor humana e das estratégias de sobrevivência que todos nós desenvolvemos para proteger o que de mais valioso temos: a ligação.

Falar sobre vinculação não é falar de categorias de pessoas. É falar de histórias, de experiências precoces, de vínculos que moldaram a forma como o nosso corpo aprendeu a sentir segurança ou ameaça nas relações.
É falar da linguagem invisível da proximidade, da ausência, do medo e do desejo de ligação.

Nos próximos dias, vou partilhar contigo uma série de conteúdos para desmistificar as ideias erradas e perigosas que têm circulado sobre a teoria da vinculação.

Não para apontar erros, mas para resgatar o seu verdadeiro propósito: promover empatia, responsabilidade relacional e esperança na capacidade de mudança.

A teoria da vinculação não existe para te encaixar num rótulo.

Existe para te ajudar a compreender o que o teu coração aprendeu a fazer para sobreviver e o que ainda pode aprender para amar de forma mais livre e segura.

Conto contigo?

Quando falamos de padrões relacionais repetitivos, não falamos apenas de escolhas conscientes que vamos fazendo nas noss...
22/09/2025

Quando falamos de padrões relacionais repetitivos, não falamos apenas de escolhas conscientes que vamos fazendo nas nossas relações.

Falamos de um fenómeno muito mais profundo: mapas internos de vinculação que se formaram nas nossas primeiras relações e que moldam a forma como interpretamos o amor, o cuidado e a segurança.

A investigação em neurociência tem mostrado de forma consistente que o cérebro humano procura familiaridade, acima de tudo: tende a reconhecer como “familiar” aquilo que já conhece, mesmo que isso seja doloroso ou causador de sofrimento.

Por isso, podemos sentir-nos facilmente atraídos por dinâmicas que recriam velhas feridas, não porque as desejamos conscientemente, mas porque fazem parte do nosso registo emocional mais antigo. São-nós familiares.

Sabemos também que carregamos histórias que não começaram em nós. Muitas vezes, repetimos padrões herdados das gerações anteriores, que se infiltram nas nossas narrativas pessoais. É como se inconscientemente tentássemos resolver, através das nossas relações, dores que pertencem à história da família.

Podemos ainda olhar para estas repetições como tentativas de diferentes partes internas de nos manterem protegidos. A aproximação ao familiar, mesmo que inseguro, é frequentemente a forma mais conhecida de procurar conexão e evitar o abandono.

Quero, por fim, que saibas que investir em compreender estes processos não significa justificar a dor, mas sim ganhar clareza sobre o que vive em ti: aquilo que hoje se repete não é sinónimo de algo defeituoso em ti ou que está errado,as sim de uma história emocional que ainda não encontrou um lugar seguro de transformação.

Se estás preparada/o para esse momento, encontra a nossa equipa no link na bio 🤎

Falar com um psicólogo ou psicoterapeuta não é como falar com um amigo.Cada palavra tem um propósito, cada intervenção é...
15/09/2025

Falar com um psicólogo ou psicoterapeuta não é como falar com um amigo.

Cada palavra tem um propósito, cada intervenção é feita para abrir espaço às tuas emoções e às tuas necessidades mais profundas.

Na terapia, não vais receber conselhos rápidos nem uma tentativa de “aliviar” o momento ou a dor.
Aqui, trata-se de um processo clínico, intencional e seguro que te ajuda a:

🤎 organizar o que sentes,
🤎 reconhecer as tuas necessidades,
🤎 e criar novas formas de estares contigo mesma e com os outros.

É essa intencionalidade que faz da psicoterapia um espaço de mudança profunda, algo que nenhuma conversa casual pode substituir.

Agora conta-me: como é que tens visto a terapia?

Hoje venho-vos falar desta música, que eu tanto gosto (chama-se “Foreign Language”). Esta música descreve o amor como um...
08/09/2025

Hoje venho-vos falar desta música, que eu tanto gosto (chama-se “Foreign Language”).

Esta música descreve o amor como uma “língua estrangeira”. Algo que soa estranho, desconhecido, quase impossível de decifrar.

E não é exatamente assim que o amor pode ser vivido por quem já foi ferido por ele?

Sue Johnson, criadora da Terapia Focada nas Emoções, inspirada nas palavras de Bowlby, descreve as emoções mais vulneráveis como ‘frightening, alien and unacceptable’.

Assustadoras, estranhas, inaceitáveis.

E quando o amor toca nessas emoções, pode mesmo parecer uma língua que não sabemos falar.

E esta música traduz esse desconforto: o amor como um idioma distante, um território novo, que exige entrega e coragem.

Mas ao mesmo tempo, mostra a sedução desse “idioma”, a vontade de nos perdermos nele, mesmo sem o compreender por completo.

Há versos que me soam quase como confissões de alguém que quer entregar-se, mas tropeça nas próprias defesas. É sedutor e assustador ao mesmo tempo. É uma dança entre a necessidade de proximidade e o medo de sermos engolidos por ela.

E não é isso que tantas vezes acontece na terapia? Quando alguém me diz: “Eu quero amar, quero ser amado, mas não sei como”. É como se me dissessem: “Não falo esta língua. Quero aprender, mas tenho medo de não a entender nunca”.

Talvez seja isso que esta música nos mostra: o amor como uma língua estrangeira que precisa de ser traduzida em conjunto.

Precisamos de um outro que nos ajude a decifrar os sons, a reconhecer os gestos, a arriscar nas palavras.

E, aos poucos, o que parecia estranho torna-se familiar. O que parecia incompreensível transforma-se em diálogo.

O amor deixa de ser uma língua estrangeira para se tornar uma linguagem partilhada.

Ser psicóloga, empreendedora e ter PHDA é para mim, por vezes, como tentar construir uma casa com um martelo que ora fun...
16/07/2025

Ser psicóloga, empreendedora e ter PHDA é para mim, por vezes, como tentar construir uma casa com um martelo que ora funciona, ora se desintegra nas minhas mãos.

Tenho passado por uma fase difícil. Dura. Daquelas em que dou por mim a falhar. A esquecer-me de coisas importantes. A adiar outras tantas. A fugir…. A ser forçada a parar quando mais precisava de conseguir avançar.

Costumo ser transparente sobre o meu caminho enquanto terapeuta. Mas hoje venho ser transparente sobre o meu caminho enquanto pessoa neurodivergente.

Não, a medicação não resolve tudo.
Não, a terapia não impede o cansaço.
Não, saber o que está a acontecer não faz desaparecer a frustração.

Às vezes, dou tudo o que posso e mesmo assim não consigo manter a consistência.
Às vezes, quero muito, planeio bem… e falho na implementação.
Às vezes, fazer o mínimo custa-me tão mais do que parece possível conseguir explicar.

E não, não é preguiça. Não é desinteresse.
É o que alguns chamam de burnout neurodivergente. Um colapso do sistema executivo. Uma exaustão que não se cura só com descanso, porque não vem de um lugar de “fazer demais” (ou a mais).

Vem de viver num esforço constante e permanente para parecer funcional, enquanto por (cá) dentro tudo é um caos.

Partilho isto não para me justificar, mas para me lembrar (e talvez lembrar-te a ti também) que ser profissional de saúde mental não nos torna imunes à vulnerabilidade.

Às vezes, não conseguimos tudo. Às vezes, não somos consistentes. Mas somos verdadeiros. E estamos aqui. A aprender a ser humanos, mesmo quando é difícil.

Hoje estou aqui sem tenho respostas. Só trago comigo a vontade de continuar, mas devagar, com limites, com pausas, com muita verdade.

E estou aqui também com a esperança de que esta partilha possa, de alguma forma, ser um lugar de espelho, acolhimento, identificação e companhia.

Se estás aí, desse lado a tentar, eu vejo-te.
E sigo contigo, um dia de cada vez 🤎

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