02/05/2024
Hoje, gostava muito de conversar convosco acerca daquelas mães (um bocadinho “5G”) que, antes do parto, frequentam webnairs sobre tudo o que é necessário quando o bebé chegar. Desde as roupas, os materiais de apoio ou as respostas mais inovadoras trazidas para o bebé. E das que compram cursos sobre a preparação para o parto, sobre a alimentação, a chucha, o choro, o sono ou as birras do bebé. Daquelas mães que pesquisam nas redes sociais informação sobre todos os pormenores da vida do bebé. E que pertencem a vários grupos e a comunidades de mães onde se partilham experiências de maternidade. E que lêem livros daquelas pessoas que, depois de terem sido mães uma única vez ou a seguir a fazerem um curso (mesmo que muito breve), propõem dicas, conselhos e programas sobre a vida do bebé. E daquelas mães que se sentem perdidas entre as sugestões do pediatra, do enfermeiro, da doula, da nutricionista e do psicólogo. Sobre o modo de adormecer o bebé, o aleitamento ou a sua irritabilidade. E que compram os mais diversos materiais didácticos para a estimulação adequada do bebé. E que se envolvem em iniciativas dedicadas ao seu desenvolvimento saudável, como o yoga, a natação, as massagens, a música ou os spa’s.
São mães, regra geral, “de primeira viagem”. Diferenciadas do ponto de vista da sua formação. Autónomas e desembaraçadas. Com percursos profissionais arejados e promissores. São mães desejosas de ser “só” as melhores mães do mundo. Que percorrem, de forma incansável, sites, lojas on line e redes sociais à procura de soluções “únicas” para o seu bebé.
O que inquieta é a forma como sinto estas mães muito mais viradas para as soluções técnicas do que para o seu sexto sentido ou o seu bom senso. Ou menos viradas para as opiniões das suas mães ou do pai do bebé do que para as das suas amigas que, entretanto, foram mães. O que inquieta, é o modo como estas mães parecem estar muito sozinhas. Debaixo duma exigência enorme que colocam sobre si próprias. E, aí, por mais que tenham tudo para ser as melhores mães do mundo, às vezes, no meio de tantas expectativas, sentem-se, injustamente, a falhar mais vezes do que mereciam. Sobretudo em função do tanto que dão.