
25/05/2025
O verbo “parenting”, que em inglês transformou o substantivo “pai/mãe” numa ação, só começou a ser usado há poucas décadas. Em Portugal, embora não tenhamos uma tradução direta com a mesma força, o fenómeno não nos passou ao lado. Também aqui a parentalidade se tornou um projeto: planeado, acompanhado, partilhado, otimizado.
Ser pai ou mãe deixou de signif**ar apenas proteger, alimentar, orientar. Tornou-se sinónimo de “moldar”, “estimular”, “potenciar”.
A criança não cresce apenas, é “desenvolvida”...
O lazer é “estimulação cognitiva”...
A br**cadeira livre dá lugar a atividades extracurriculares cuidadosamente escolhidas.
E sim, a intenção é boa.
Afinal, ler com os filhos, contar histórias, passear no parque ou visitar o Oceanário são experiências que enriquecem emocional, linguística e cognitivamente.
Mas o que acontece quando essa intenção se transforma em exigência constante?
Começam a crescer também os níveis de ansiedade parental.
Começam a surgir pais exaustos, que sentem que precisam dar sempre mais.
Começam a surgir crianças com agendas preenchidas, mas menos espaço para o tédio, o improviso ou a liberdade de ser só… crianças.
É começamos a esquecer que o que faz diferença na vida de uma criança não é a quantidade de atividades que faz, mas a qualidade das relações que tem.
Não é preciso "produzir experiências" todos os dias, estar presente já é, muitas vezes, o mais importante.
Em Portugal, como noutros países, importa recentrar o foco:
- Menos perfeição.
- Mais presença.
- Menos comparação.
- Mais confiança nas rotinas simples, no amor imperfeito e nas escolhas possíveis de cada família.
Educar não é competir.
É acompanhar. E crescer juntos.
Fatima Poucochinho
www.fatimapoucochinho.com