31/10/2025
                                            O medo nasce naturalmente nas crianças.
É um reflexo do desconhecido, uma centelha que alerta, protege e ensina.
Não é o medo que assusta, mas a ausência de mãos que seguram, de olhares que acalmam,
de vozes que dizem: “Estás segura.”
O problema não está na criança sentir medo,
está nos adultos que não a fazem sentir segura.
Quando o medo não é acolhido, quando a sombra não é iluminada, ele deixa marcas invisíveis,sinais que se imprimem no corpo e na mente.
E o medo dos adultos é (apenas) o eco da sua infância.
A criança que uma vez tremeu no escuro
continua a tremer nas pequenas ansiedades do dia-a-dia, nos receios de arriscar, de ousar, de confiar.
O medo permanece, silencioso,
até que alguém, ou nós próprios, o reconheça,
o valide e o transforme.
Proteger uma criança do medo não é apagá-lo,
é ensinar-lhe que pode sentir, compreender e atravessar a sombra.
É dar-lhe segurança para que um dia,
o eco do medo seja ressignificado   em coragem,
e a criança que fomos aprenda finalmente a sorrir
[mesmo na escuridão].
Francisca Silva Ferreira