20/10/2022
O Bullying e suas implicações
O que é o Bullying?
Uma intimidação ou ataque físico, verbal ou psicológico, praticado com o intuito de causar medo, perturbação ou ofensa à vítima, sendo o agressor habitualmente mais forte do que o agredido e acontece habitualmente entre os pares. De um modo geral, o Bullying é um padrão repetido de comportamento lesivo, onde o agressor sente satisfação em magoar as pessoas que considera mais fracas, procurando aumentar a sua noção de poder.
Onde é mais frequente acontecer dentro da escola?
Geralmente acontece no recreio, durante os intervalos, em locais menos supervisionados, como: atrás dos pavilhões da escola, recantos, campos desportivos, casas de banho e/ou balneários e por vezes à saída da escola.
Quais as formas e manifestações mais comuns de Bullying?
Pode ocorrer de forma direta através de insultos, violência física, destruição de pertenças ou de forma indireta, através da rejeição social, difamação. Atualmente, e com o recurso às tecnologias, é cada vez mais comum o assédio virtual, revelando-se numa forma violenta de agressão.
O que tende a acontecer depois de um episódio de Bullying?
As crianças ou adolescentes vítimas de Bullying sofrem num primeiro momento em silêncio e apavoradas. É como se fosse uma forma de garantir que aquilo não voltará a acontecer “pode ser que o episódio passe despercebido”, “se eu não falar, eles deixam de me chatear”. Outras razões para o silêncio, devem-se ao medo desencadeado pelas ameaçadas dos agressores, e por vezes, pela falta de apoio e sensação de desproteção percepcionada.
Quais as consequências nas crianças e adolescentes que são continuamente vítimas de Bullying?
A investigação tem demonstrado um impacto negativo fortíssimo no desenvolvimento de um autoconceito negativo, problemas de sono, recusa escolar, baixo rendimento escolar, episódios de enurese (especialmente noturna), isolamento social e tentativas de suicídio. A prevalência de depressão em crianças e adolescentes vítimas de Bullying tem aumentado.
O que pode desencadear comportamentos mais violentos nas crianças e adolescentes?
Fracos vínculos afetivos, ambiente familiar instável, comunicação agressiva entre os progenitores e/ou com a criança, negligência parental, défice de competências sociais, sentimentos de rejeição e falta de empatia. O grau de permissividade e baixo envolvimento dos pais perante uma conduta agressiva dos filhos são também fatores de risco.
Por outro lado, o que é favorável na prevenção de comportamentos violentos?
Uma vinculação segura, um ambiente familiar estável e coeso, a conexão, a aceitação por parte dos pares, sentimentos de pertença, desenvolvimento de comportamentos de entre ajuda, envolvimento em atividades extracurriculares (dentro ou fora da escola), boa consciência acerca das normais sociais e orientação para a rotina.
É preciso estar alerta. Saber Identificar. Não ignorar. Pedir Ajuda.
O Bullying acontece diariamente nas escolas e não se trata apenas de desentendimentos entre os pares.
Aliás, o conflito entre colegas, sentimentos e manifestações de zanga fazem parte do processo de desenvolvimento psicossocial e são adaptativos. Mas o Bullying não é “uma piada isolada” sobre um colega, ou um "palavrão ou gesto indevido” após uma disputa momentânea.
No bullying observa-se um comportamento de agressão contínuo, há uma intencionalidade para magoar o outro de forma sistemática e e existe um desequilibro de poder entre aquele que intimida e a vítima.
É urgente capacitar-se todos os agentes educativos para o reconhecimento de casos de bullying. É urgente ativar-se recursos (a diversos níveis). É urgente prevenir que episódios de violência aconteçam com a frequência e intensidade a que se assiste atualmente, num lugar que tem de ser acima de tudo seguro e protetor: a Escola.
Cecília Santos