24/04/2025
“Sísifo”
Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga [1977], Diário: Vols. XIII a XVI. Lisboa: D. Quixote, [1983], p. 20.
*Albert Camus, em “O Mito de Sísifo”, abordou a questão do sentido da vida através da ideia do absurdo, que surge do confronto entre o desejo humano de encontrar significado e a realidade indiferente do universo.
Camus utiliza o mito de Sísifo, condenado a rolar uma pedra eternamente, para ilustrar a condição humana. Mesmo sabendo que a sua tarefa é inútil, Sísifo continua, encontrando um tipo de liberdade e contentamento na sua própria resistência. Para Camus, essa aceitação do absurdo e a contínua revolta contra o mesmo permite-nos viver plenamente, aproveitando cada momento e encontrando valor nas nossas ações e experiências, sem depender de um propósito externo ou transcendental.