
01/09/2025
Trauma, Mãe e Desconexão: O Fio que Nos Une
A série *Love Take Two* é um verdadeiro espelho das dinâmicas inconscientes que atravessam mães e filhas.
Esta é a reflexão e recomendação que vos deixo hoje: um olhar para além da superfície.
🫚A mãe como raiz
A verdade é simples e, ao mesmo tempo, profunda: a mãe é parte de nós. É pela mãe que a vida nos chega, e é dela que recebemos as primeiras marcas de vínculo, afeto e pertença. Quando, por dor ou defesa, nos afastamos dela — seja através do silêncio, da fuga ou da rejeição — não estamos apenas a desconectar-nos dela, mas de nós próprios.
Na série, isso torna-se evidente: a mãe, marcada pelo abandono, aprende a sobreviver no fingimento e na solidão. A filha, ao enfrentar o cancro, repete esse movimento — cala a sua dor, distancia-se da mãe e vive a doença no isolamento. Ambas, sem o saberem, perpetuam o mesmo padrão de desconexão.
💔Trauma como desconexão
A ciência confirma aquilo que a experiência nos mostra: o trauma não é apenas o acontecimento em si, mas a desconexão interior que ele cria.
* Quando a dor não encontra acolhimento, transforma-se em vergonha e silêncio.
* Quando o silêncio se prolonga, o corpo mantém-se em alerta, preso ao passado.
* Quando rejeitamos a origem — a mãe — rejeitamos também uma parte essencial de quem somos.
É essa desconexão que dá força ao trauma e o faz repetir-se de geração em geração.
🎬Constelações em forma de série
O grande valor de *Love Take Two* está em mostrar estas dinâmicas de forma viva. A série conduz-nos pelas histórias das personagens e ajuda-nos a compreender não apenas o que acontece, mas porque acontece. É quase como assistir a uma constelação: vemos o que foi escondido, os vínculos interrompidos, as feridas herdadas — e como tudo isso se reflete nas relações presentes.
👁️Vale a pena ver
Love Take Two não é só uma narrativa emocionante. É uma oportunidade de refletir sobre nós mesmos, sobre as nossas mães, e sobre a forma como carregamos as histórias que vieram antes. É um convite a olhar para a nossa origem não com rejeição, mas com reconhecimento — porque é aí que começa a verdadeira reconexão, e com ela, a possibilidade de cura.