28/11/2024
Ao longo dos anos, temos assistido, cada vez mais, ao surgimento de competições de Yoga, e isso levanta uma questão importante: pode o Yoga, uma prática baseada na não-competitividade e no autoconhecimento, ser realmente transformado em algo competitivo?
O Yoga, na sua essência, não se trata de superar os outros, mas sim sobre mergulhar em si próprio. É um caminho interno, onde aprendemos a ouvir o corpo, a respeitar os nossos limites e a cultivar a aceitação. Ao trazer a ideia de "competição" para o Yoga, parece-me que estamos a inverter a sua verdadeira essência, transformando-o num espetáculo de quem faz a postura mais perfeita, mais desafiante.
Mas será que isto é compatível com o que o Yoga nos ensina?
Um dos princípios fundamentais do Yoga é ahiṃsā — a não-violência. E essa não-violência inclui também a forma como nos tratamos a nós mesmos. A prática não deveria gerar comparações ou julgamentos, mas sim ser um espaço seguro onde cada um pode explorar as suas capacidades sem pressões externas.
Quando se introduz o elemento da competição, corremos o risco de promover a ideia de que o valor da prática está no resultado físico, e não na jornada interna.
No entanto, alguns argumentam que as competições podem inspirar mais pessoas a praticar Yoga, ou até a aperfeiçoar as suas técnicas. Mas será que é isso que define o verdadeiro valor do Yoga? Talvez a questão não seja se as competições são "certas" ou "erradas", mas se estamos a perder de vista o verdadeiro propósito da prática.
O Yoga não é sobre fazer a pose perfeita, mas sim sobre aprender a aceitar o que o teu corpo e a tua mente conseguem hoje. É uma jornada pessoal e única, onde o crescimento não se mede por troféus, mas pelo bem-estar e pela paz que se alcança ao longo do caminho.
🌿 Assim, cabe-te a ti decidir como vives a tua prática. Mas lembra-te: o Yoga é, acima de tudo, sobre a conexão contigo mesmo, e não com os outros.