26/09/2022
Quando se trata do comportamento, é importante relembrar que a capacidade de execução depende, em grande parte, da condição psicoemocional do indivíduo.
Saliento isto porque frequentemente vejo pessoas a culparem-se de não conseguirem fazer coisas que gostariam, ou ter atitudes que as beneficiariam, mesmo "sabendo" como.
No campo da emoção a razão tem pouca autoridade. E, segundo Beck, é a emoção o combustível principal do comportamento. Se ela não estiver saudável e equilibrada, por mais que queiramos, não conseguimos concretizar o idealizado.
Dois exemplos:
- Na depressão major, por mais que a pessoa queira ter interesse e energia para as actividades quotidianas, o corpo não reage. Existe limitação fisiológica, pelas alterações cerebrais que ocorrem, e o próprio humor abatido que não deixa fluir. Sem mencionar a avalanche de pensamentos negativos que assolam o indivíduo nessa condição.
- Pessoas que tenham sido abus@das na infância podem ter sérias dificuldades em estabelecer limites, serem assertivas, dizerem "Não". É frequente ouvi-las dizer que sabem que não querem algo, mas quando se vêem diante de um pedido, convite, qualquer coisa que o outro quer, não conseguem recusar. A invasão que sofreram parece retirar-lhes esse direito.
O mesmo pode acontecer com pessoas que foram rejeitadas ou maltratadas pelos seus progenitores. O gatilho do abandono é accionado e consentem com o que não querem por medo de sofrer a mesma dor.
● Estes são apenas alguns (dos inúmeros) exemplos deste facto.
Não somos robôs. Somos um sistema complexo não exacto. E como tal, simplificar as vivências como uma conta matemática é, no mínimo, insensato e injusto.