29/10/2025
Já pensaste como é fácil rotular alguém?
Uma ação, um erro, um deslize. Basta isso para resumirmos uma pessoa no seu todo a uma palavra. "Criminoso." "Mau-caráter." "Injusto."
Mas e se fossemos sempre definidos pelo nosso pior momento?
Pela palavra mais dura que já dissemos. Pela decisão errada que já tomámos. Pela fraqueza que já nos apanhou num dia difícil.
Não é assustador?
Alguém pode cometer um erro sem que isso seja quem realmente é. Um gesto errado não apaga todas as vezes que teve gestos bons. Um dia infeliz não apaga uma vida inteira.
E, no entanto, somos implacáveis. Apontamos o dedo com tanta facilidade, como se nunca tivéssemos falhado, como se nunca tivéssemos desiludido alguém.
Mas será que aguentaríamos o peso do rótulo que colocamos nos outros? Será que suportaríamos ser para sempre reduzidos a um instante de fraqueza, a uma má escolha?
Ainda assim, insistimos nos rótulos. Como se um erro fosse definitivo. Como se as pessoas não mudassem, não aprendessem, não carregassem também elas o peso do que fizeram.
Talvez seja hora de olhar com mais calma. Para além do rótulo, há uma história. Há arrependimento, luta, tentativa. Há mais do que aquilo que vemos à primeira vista.
Porque ninguém merece ser reduzido ao seu pior momento. Nem eu, nem tu, nem ninguém.