10/06/2025
🇵🇹 Entre dois mundos, um coração só.
Nasci em França.
Mas em casa falava-se português.
Entre os livros da escola e os serões de domingo, cresci com dois mundos dentro de mim:
um que me formou,
e outro que me chamou.
Fui feito de croissants e caldo verde,
de ruas de Paris e domingos à mesa com a família,
de “bonjour” com alma portuguesa.
A cabeça aprendeu lá fora.
Mas o peito… o peito ficou sempre virado para cá.
Durante anos, fui o português lá.
Hoje sou o francês cá.
E entre um e outro, descobri que a minha verdadeira nacionalidade…
é a gratidão.
Gratidão à terra dos meus pais,
que sonharam mais longe para eu poder voltar.
Gratidão ao país onde hoje vivo, trabalho, ensino, cuido, partilho.
Gratidão a Portugal,
que me abriu as portas —
e me deu um microfone para falar de saúde, de verdade, de humanidade.
Subo ao palco da televisão pública não por vaidade,
mas por missão.
Para descomplicar o corpo.
Para devolver às pessoas o poder de se cuidarem.
Para honrar o que trago comigo:
uma herança,
uma ponte,
e um propósito.
Neste 10 de Junho, não celebro só um país.
Celebro uma travessia.
A de todos nós que temos os pés num lugar e o coração noutro.
Que crescemos a meio caminho entre dois hinos —
e que fizemos do amor a nossa pátria.
🇵🇹 Obrigado, Portugal.
Por me deixares regressar.
Por me deixares servir.
Por me deixares ser inteiro.
🇫🇷