Joana Nunes - Saúde Mental Integrativa

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A ansiedade é a expressão de um corpo em estado de alerta contínuo, como se a qualquer instante pudesse surgir uma ameaç...
21/10/2025

A ansiedade é a expressão de um corpo em estado de alerta contínuo, como se a qualquer instante pudesse surgir uma ameaça. O coração acelera, a respiração encurta, o sono fragmenta-se, a vigilância nunca desliga. O organismo permanece mobilizado, mesmo quando não há perigo imediato.
Do ponto de vista clínico, a ansiedade pode ser entendida como uma resposta de sobrevivência que não chegou a completar-se. Perante uma ameaça, o sistema nervoso prepara-se para lutar, fugir ou imobilizar-se e quando esse movimento não encontra resolução por não haver saída possível a energia defensiva f**a suspensa. O corpo permanece em activação, preso num ciclo que não conseguiu fechar.
Na prática, encontramos frequentemente esta marca em pessoas expostas muito cedo a histórias traumáticas: violência doméstica, abuso físico ou sexual, mortes súbitas, acidentes vividos ou testemunhados entre irmãos, vizinhos ou primos. Nessas idades, o sistema nervoso ainda imaturo não dispõe de recursos para integrar tamanha intensidade. O corpo aprende então a viver em sobressalto, instalando a ansiedade como modo habitual de existência. Os sintomas que surgem — palpitações, insónia, pensamentos repetitivos, hipervigilância são sinais de um organismo que fez o que estava ao seu alcance para proteger a vida. Este mecanismo tem custos profundos pois desgasta os recursos fisiológicos, fragiliza os vínculos e alimenta a sensação de que “há algo de errado” em si próprio. O processo terapêutico não consiste em forçar a eliminação da ansiedade, mas em criar condições para que essa energia encontre vias de resolução. Pequenos gestos, movimentos, descargas espontâneas permitem que o sistema nervoso complete gradualmente o que ficou inacabado. A partir daí, a ansiedade deixa de ser um estado permanente e transforma-se numa resposta transitória, adequada ao presente.
É nesse espaço que o corpo reencontra a possibilidade de repousar, expandir-se e estar plenamente vivo. A ansiedade, então, revela o que sempre foi: uma resposta adaptativa, sábia e legítima, que precisa de cuidado para se transformar em vitalidade.

Na clínica vemos muitas pessoas resistentes à medicação. Pessoas que vivem num sofrimento atroz mergulhadas num colapso ...
10/10/2025

Na clínica vemos muitas pessoas resistentes à medicação. Pessoas que vivem num sofrimento atroz mergulhadas num colapso onde tipicamente o corpo já não reage. Tentar dar soluções a uma pessoa deprimida, aconselhando-a a comer saudável ou a fazer desporto é induzir-lhe mais culpa e sensação de fracasso, pois verdadeiramente não é capaz. Quando o sistema está em colapso, quando falta energia vital para sentir, pensar ou agir, a medicação pode funcionar como um braço que ajuda o corpo a levantar-se, para que, em algum momento, possamos continuar o caminho com mais consciência. Há fases em que a terapia, a alimentação, o descanso, o movimento ou a conversa simplesmente não chegam — porque o corpo está demasiado cansado, o sistema nervoso demasiado contraído, o cérebro demasiado empobrecido em neurotrofinas para se reequilibrar apenas com força de vontade ou práticas de autocuidado.
Tomar antidepressivos não é sinal de fraqueza. Signif**a que o corpo, em algum momento, tal como o sistema nervoso, chegou a um limite — um ponto em que já não é possível carregar sozinho o peso do que foi vivido. E do que tem repetido. Tomar um anti-depressivo não apaga a história nem esconde sintomas, concede um intervalo, um lugar onde seja possível respirar. Um espaço necessário para que a pessoa em colapso possa voltar à vida, aos ritmos, aos hábitos saudáveis e ao que lhe faz bem.
Os antidepressivos não curam o sofrimento na sua raiz, mas podem criar o terreno mínimo necessário para que a terapia, a introspeção e a cura floresçam.
São um suporte, nunca um abrigo. Um degrau e nunca um destino. E ninguém deveria sentir culpa por precisar de ajuda química para restabelecer o equilíbrio bioquímico e energético do corpo. A cura é sempre um processo de muitas camadas: biológica, emocional, relacional e espiritual.
E, por vezes, começa simplesmente por permitir que o corpo volte a ter força para sentir outra vez.

Nos últimos meses parei. Primeiro aos poucos e depois completamente. Fiz mudanças profundas na minha vida — talvez demas...
12/09/2025

Nos últimos meses parei. Primeiro aos poucos e depois completamente.
Fiz mudanças profundas na minha vida — talvez demasiadas de uma só vez e o corpo, com a sua sabedoria, mostrou-me os limites, trazendo-me de volta à necessidade de integrar. Impediu-me, desta vez, de seguir com a velha e conhecida tendência de avançar qual sobre-humana que pode tudo. Humildade, disse ele. Eu entrego, respondi.
Clinicamente, trata-se de uma sobrecarga do sistema nervoso: quando a soma dos estímulos ultrapassa a nossa capacidade de integração e regulação, o corpo responde com colapso, exaustão ou sintomas físicos persistentes.
O trauma não vive apenas no passado. Ele manifesta-se no presente, quando há uma sobrecarga de estímulos ou exigências maior do que o nosso sistema nervoso está capaz de suster.
Esta pausa foi dura, mas necessária e trouxe-me de volta à evidência de que não é possível suster o outro sem antes cuidar da capacidade de se suster a si mesmo.
Agora volto também aos poucos, retomando as sessões online. Volto também a partilhar por aqui reflexões sobre corpo, emoções, relações e trauma. Família e ancestralidade.

23/09/2024

Não somos assim tão diferentes. Movem-se em manadas. Movem-se com base nas memórias de sobrevivência dos seus antepassados. Talvez a expressão “memória de elefante” fale sobre isso. Da memória que eles guardam do que viveram os seus ancestrais.
Nós também somos assim. É biologia, não é esoterismo.
No dia 28 de Setembro vou fazer um grupo de constelações para trabalharmos trauma. Tudo o que o nosso sistema nervoso guarda. Nosso e dos que viveram antes de nós. Vens?

Workshop Constelações Familiares dia 16 de Dezembro das 9h às 13h em S. Pedro do Estoril.
06/12/2023

Workshop Constelações Familiares dia 16 de Dezembro das 9h às 13h em S. Pedro do Estoril.

Endereço

R. Heróis Do Ultramar, LT 2 Loja B
São Pedro Do Estoril
2765-098

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