10/09/2025
Moçambique,
Ainda carrego em mim a tua luz: o pôr do sol tingindo a terra de tons quentes, vermelho, laranja e ouro, fazendo tudo brilhar como se o tempo desacelerasse. Sinto o cheiro da terra molhada depois da chuva, misturado à brisa quente que acaricia o rosto.
Os sorrisos das crianças continuam vivos dentro de mim — da Maria ao Mateus, do Fernando ao Jaime, da Elisa a tantos outros. Alguns tímidos, medindo o mundo, outros aprendendo a rir, e aqueles que sorriem apenas para a vida, com uma espontaneidade que nos ensina a respirar mais fundo.
As gargalhadas ecoam nos meus dias, mesmo quando estou em silêncio, o colo partilhado ou mão na mão. Difícil foi não conseguir abraçar todos, não poder atender a cada pedido que nos chegou à porta. Mas havia leveza: a rotina simples, os pequenos rituais, o tempo que corre devagar, profundo, diferente do que conhecemos.
Ao regressar, tudo parece maior, mais pesado: a pressa, o consumo, a correria. Mas o meu coração ficou lá, entre olhares que ensinam, abraços que acolhem, mãos que seguram. Somos uma família que atravessa oceanos, e, quando fecho os olhos, basta sentir o cheiro da terra molhada, o calor do sol no rosto, ou ouvir uma risada das crianças, para regressar, ainda que por um instante, a este lugar que já é parte de mim.
Eu voltarei para o ano, por isso, até já!