17/12/2025
Perturbação de stress pós-traumático (PSPT), foi durante muito tempo considerada um tipo de perturbação de ansiedade. Contudo, percebeu-se que apesar da sintomatologia apresentada ser semelhante, existe uma característica que as distingue – na PSPT, a sintomatologia observada decorre da exposição a um evento traumático. Considera-se um evento traumático a vivência de um acontecimento cujo impacto supera a capacidade de adaptação, os recursos emocionais e cognitivos do indivíduo. É normalmente acompanhado por sentimentos de impotência e é-lhe atribuído um significado negativo, por ser percecionado como incapacitante, ameaçador e fonte de intenso sofrimento psicológico/físico.
Após um evento traumático, é frequente observar-se:
• sintomas intrusivos associados ao evento (como sonhos ou pensamentos).
• evitamento de estímulos ligados à situação vivida (exemplo: não andar de carro após acidente de viação).
• alterações negativas na cognição e humor associados ao acontecimento traumático, com início ou agravamento após a experiência traumática (exemplo:após uma guerra sentir-se ameaçado por sons estridentes como fogo de artificio).
• mal-estar clinicamente significativo (como labilidade emocional, alterações do humor, hiperventilação, alterações dos batimentos cardíacos).
Apesar do sofrimento associado, estes sintomas são uma reação adaptativa esperada. No entanto, quando persistem sem qualquer diminuição significativa, por mais de um mês, considera-se uma PSPT. Por este motivo, é imprescindível que após a vivência da situação traumática, haja um acompanhamento psicoterapêutico (psicológico e psicofarmacológico). Ao longo da vida quase todos experienciamos situações de trauma. Muitas vezes, mesmo quando extremamente dolorosas e difíceis, estas podem ser um ponto de partida para processos de crescimento pessoal. Algumas pessoas incorporam os acontecimentos vividos numa narrativa pessoal, conferindo significado ao trauma vivido e conduzindo a mudanças positivas na sua identidade e objetivos de vida (exemplo: um doente oncológico sobrevive à doença e promove alterações positivas na sua vida).