30/12/2020
Muita tinta já correu sobre a vacina contra a COVID e a amamentação... infelizmente, muito leite, também 😲.
Porque o "achismo" manda desmamar, informem-se ANTES.
Texto [como sempre] informado e informativo da nossa Dra. Graça Gonçalves ❤.
"Desde que a vacina contra a COVID se perfila no horizonte como uma realidade, mais uma vez a amamentação surge como uma contraindicação.
Alguns serviços de saúde como o inglês liminarmente e à semelhança de alguns fabricantes contraindicam a amamentação na administração da vacina. Por aquilo que me tem chegado como informação em Portugal os serviços “não se responsabilizam pela segurança na administração desta vacina a mulheres a amamentar” e já ouvi casos em que foi afirmado que o hospital não daria a vacina se não houvesse desmame. Outros exigem que leve uma declaração do médico em como a mulher lactante pode fazer a vacina. De resto essa é a posição da DGS na sua norma de 23/12/2020: “Não existem estudos sobre a administração desta vacina durante a gravidez e desconhece-se se esta vacina é excretada no leite humano. No entanto, se os benefícios esperados ultrapassarem os potenciais riscos para mulher, a vacina poderá ser considerada, por prescrição do médico assistente.”
Olhando para este parágrafo fico com a ideia que, como habitualmente a gravidez e a amamentação são enfiadas no mesmo s**o. É verdade que uma é a consequência natural da outra, mas a que potenciais riscos para a mulher que amamenta se estão a reportar? Que médico assistente irá passar a declaração, no caso da lactante? Claro que nós na clínica o temos feito sem qualquer margem para dúvida, mas será que outras mulheres têm o apoio dos seus pediatras ou médicos de família ou obstetras? E sem declaração não vão ser vacinadas? Ou vão desmamar os filhos?
Mais uma vez a ignorância, a ausência de lógica, o desprezo pelo conhecimento a imperarem. Qual é a solução mais fácil? Desmamar! Como se desmamar fosse uma prática desejada pelas mulheres, uma solução adequada e não isenta de riscos para a criança, um triunfo para a sociedade. Será talvez, isso sim, uma conveniência para os serviços que assim obrigam as mulheres a dispensar as horas que lhes cabem por direito, com o términus da amamentação para poderem ser vacinadas.
É certo que não foram feitos te**es em mulheres grávidas ou a amamentar. Mas nunca são, não é verdade? Se pensarmos um pouco sobre a composição destas vacinas, ainda que diferentes na conceção, verificamos que não contêm vírus vivos (as únicas vacinas contraindicadas na amamentação são a da varíola e a da febre amarela, apesar de existirem outras vacinas de vírus vivos) e nem sequer têm os tão temidos conservantes.
Se formos ler as bulas destas vacinas, e trago aqui 2 exemplos, o que encontramos?
- Vacina de vetor viral (AstraZeneca): “as mulheres que estão a amamentar podem receber a vacina”. https://www.gov.uk/government/news/oxford-universityastrazeneca-covid-19-vaccine-approved
- Vacina de ARNm (Pfizer-BioNTech- Comirnaty): “ainda que não existam estudos efetuados na amamentação, não são de esperar riscos” e na sua versão mais recente de 24/12/2020 “pode fazer a vacina da COVID 19 se estiver a amamentar”.https://www.hse.ie/eng/services/news/newsfeatures/covid19-updates/covid-19-vaccine-materials/covid-19-vaccine-information-leaflet.pdf
O ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) “recomenda que as vacinas sejam oferecidas a lactantes da mesma forma que a não lactantes. Mesmo que as lactantes não tenham sido inclusas na maioria dos ensaios clínicos, as vacinas contra covid-19 não devem ser negadas às lactantes, pois as potenciais preocupações com relação à segurança de vacinar indivíduos lactantes não superam os benefícios potenciais de receber a vacina”. https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/practice-advisory/articles/2020/12/vaccinating-pregnant-and-lactating-patients-against-covid-19
A ABM (Academy of Breastfeeding Medicine) “não recomenda a paragem da amamentação nos indivíduos que são vacinados contra a COVID 19”….”existe pouca plausibilidade biológica de que a vacina cause dano e os anticorpos para o SARS-CoV-2 no leite podem proteger a criança amamentada. https://www.bfmed.org/abm-statement-considerations-for-covid-19-vaccination-in-lactation
Infelizmente estas tomadas de posição, por parte dos profissionais de saúde e das entidades responsáveis, não me espantam. Se existem desmames por toma de medicamentos perfeitamente compatíveis com a amamentação, pela execução de radiografias e tomografias, como não de uma vacina nova?
Informem-se! Informem! Não se deixem enganar!"
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