26/02/2020
Todo o ser humano necessita de pertença, não no sentido de posse, mas de fazer parte, plenamente incluído. E é neste contexto, “dentro de” que se desenvolve e adquire a possibilidade infinita de partir, de ser um indivíduo único, visto como tal e como tal reconhecido o valor do seu contributo. De início e sempre, à sua família, ao género, aos saudáveis ou portadores de deficiência, a uma cor de pele, depois à escola, à turma, aos amigos, à rua, à aldeia, vila ou cidade, ao país, ao continente e ao planeta. E nos entretantos, à nova família construída, ou aos solteiros, e depois viúvos, divorciados, à instituição, ao local e colegas de trabalho, aos emigrantes de determinado país, à colectividade ou clube, a determinada crença ou espiritualidade, a um grupo social ao qual são reconhecidas determinadas práticas, movimentos e posses e já perto do fim, a uma determinada residência de idosos, ou de dia e finalmente à terra da sua terra, dentro ou não de um jazigo de família.
E a qualidade de todas estas pertenças determinam quem é, e trazem consigo (também através da memória familiar) e deixam marcas epigenéticas (os resultados obtidos a partir de determinados comportamentos); como se sentiu e sente, como viveu e vive em saúde e como adoece, quer no campo mental, quer no físico, e que acabam por constituir-se como outras pertenças; os que sofrem de depressão, os reumáticos, os desportistas, os vegetarianos, os famosos, os alcoólicos... os que perderam tudo ou quase tudo e os que adquiriram e prosperaram.
É neste ou nestes diversos contextos que o indivíduo deve ser visto, incluído num disponível colo terapêutico onde possa encontrar ou reencontrar a sua individualidade, os seus recursos internos e projectos próprios, a sua liberdade enquanto ser que pertence, "dentro de", mas que não é prisioneiro definitivo de nada que não queira, que o faça sofrer.