31/01/2025
Ontem ouvi alguém dizer que o mês de janeiro parecia infinito e nunca mais acabava. Mas desta vez, pela primeira vez, eu não sinto o mesmo. No dia 11 de janeiro, perdi a minha avó e, desde então, gostava que o tempo parasse, mas o tempo não pára de me fugir entre os dedos.
O luto faz-nos querer recolher e parar, para integrar o que aconteceu. Mas é tão difícil fazê-lo quando a vida continua a andar para a frente, à velocidade alucinante do dia-a-dia.
Tenho-me lembrado da minha avó todos os dias, em vários momentos do dia. Aqui em casa, falamos sobre ela e procuramos em conjunto a estrela no céu na qual ela se tornou. Com as minhas irmãs, cozinhámos um bolo que a nossa avó nos fazia em crianças. Cheirava a infância, sabia a amor.
Mas o tempo continua a passar e eu sinto que não tive tempo suficiente para sentir, para estar. Janeiro, para mim, passou demasiado rápido.
Há 2 noites sonhei com a minha avó, mas não foi um sonho triste. A primeira coisa que pensei, quando acordei, foi que é tão bom que ainda me recorde, com tanto pormenor, das feições do seu rosto, do som da sua voz, das palavras que tanto usava e do seu toque na minha mão. Mas janeiro já está a acabar e este tempo, que não me dá tempo nenhum, teima em passar e sei que levará de mim, da minha memória, tantos destes pormenores importantes.
A saudade pesa, mas, mesmo assim, recordar é tão bom. Difícil, mas tão bom.