
14/07/2024
Não acredito em processos terapêuticos nos quais os planos são olhados e postos em ação sem qualquer flexibilidade. Os planos são, sem dúvida alguma, um guia orientador de grande relevância para o percurso vivido em conjunto com a criança, mas devem ter sempre subjacente a noção de que as necessidades flutuam e a adaptação pode ser necessária.
Por isso mesmo, as sessões destas últimas semanas têm sido diferentes do registo habitual para algumas das crianças que acompanho.
Falo-vos de casos que vão passar por processos de transição, seja de ciclo, ou de contexto escolar, e em que é importante para as crianças existir um processo de antecipação sobre esta (grande) mudança que se aproxima. Aqui, entra a relação terapêutica que temos bem estabelecida e que permite que este trabalho, que pode ser um potenciador de (ainda maior) ansiedade, aconteça num espaço afetivo seguro e contentor.
Dizer também que este processo não é igual para todos. Os conhecimentos sobre Neurodiversidade têm que entrar em jogo, de forma a que o que aqui é feito esteja de acordo com as necessidades de cada um e para que a autonomia, a autodeterminação e a autoadvocacia não sejam esquecidas.
Experimentamos as disciplinas e encontramos formas de a criança comunicar o que sente sobre cada uma delas; pensamos sobre (novos) espaços que poderão ser tranquilizadores em momentos caóticos; representamos visualmente as mudanças horárias que vão acontecer; criamos recursos concretos que possam ajudar a criança nos desafios, amenizar exigências que possa sentir e facilitar a compreensão por parte do outro; visitamos os locais, tornando-os reais, com o tempo e a tranquilidade realmente necessários - e a mão dada acaba sempre por surgir aqui, de forma muito natural e dando o sinal de “estamos juntos”. Tudo isto, sempre com a criança, as suas necessidades e interesses, pensamentos e opiniões, a orientar.
No final, este grande passo que se aproxima, já não parece assim tão assustador 🫱🏼🫲🏾💛