21/11/2024
Estreou recentemente o filme A Substância, que retrata as fragilidades da mulher que envelhece. Ainda não o vi (não me organizo para ir ao cinema), mas a temática fez-me refletir sobre o envelhecer e como encarar esta fase com graciosidade e sabedoria.
Não é fácil. As nossas mães e avós aceitavam a menopausa como algo natural, uma condição inerente ao envelhecimento. Viviam os sintomas na sua plenitude, sem questionar. Na altura, a menopausa era um tabu, mas também uma transição para o papel de “avó”.
Hoje, o cenário é diferente. Mudámos enquanto mulheres, e a forma como olhamos para o envelhecimento também. Aquilo que era aceitação transformou-se em resistência. A menopausa traz um lembrete cruel da nossa “data de validade”. Não bastam os cabelos brancos, a dificuldade em perder peso ou a perda de libido; ainda ouvimos o eco de “Já não és jovem.” E, de repente, parece que passámos de adultas para velhas num instante.
Este pensamento não foi imposto, mas está enraizado. É fruto do medo de perder a jovialidade, de deixar de ser "donas disto tudo": do corpo, do tempo, de nós mesmas. Mas a verdade é que quem manda é o tempo.
E como usamos esse tempo? Guardamos receitas que nunca cozinhamos. Fazemos "scroll" infinito nas redes sociais. Seguimos influenciadoras que vendem promessas de juventude eterna. Pintamos os cabelos brancos como se isso pudesse apagar o passar dos anos. Agarramo-nos ao que já não temos, em vez de valorizar o que ainda está connosco.
Envelhecer é natural. Aceitar? Nem tanto. Mas isso faz de nós menos mulheres? Claro que não. Faz-nos menos felizes? Talvez, se insistirmos em lutar contra o inevitável.
Que tal tentarmos envelhecer com graciosidade? Nutrir-nos bem, conhecer o nosso corpo e reconhecer tudo o que ele ainda faz por nós. Já partilhei dicas para viver a menopausa com serenidade — basta procurar.
Ser mulher é um desafio constante. A menopausa é uma montanha-russa. Envelhecer é inevitável. Mas menopausa sem neuras é o que precisamos. Fala com quem te inspire — a tua nutri, terapeuta, irmã ou amiga.
Envelhecer é transformação, e essa também é uma dádiva.