23/01/2021
Em 2018 nasci como mãe pela segunda vez. De uma gravidez longa, muito desejada.
No primeiro dia do meu filho em casa fui deitá-lo e conhecê-lo mais um bocadinho. Éramos um do outro há menos de 48 horas. Deitei-o no colo, bebeu o leite e adormeceu. E eu não sabia o que lhe fazer. Não sabia onde o deitava, se o acariciava mais um bocadinho, se me encostava ao cabelo para lhe guardar o cheiro. Não sabia se o punha no berço, na cama que lhe tínhamos preparado ou se f**ava simplesmente a vê-lo.
Ele era pequeno e frágil mas não precisava de mim. Pousei-o na cama e esperei. Não acordou nem se mexeu. Ouvia o respirar de bebé e continuava sem saber se o podia deixar.
Para mim, não era assim que um bebé adormecia. Não o queria abandonar.
Um dia antes, na sua antiga casa, eu tinha-o conhecido. E na hora da sesta convidaram-me para o ir adormecer. O pai ficou à espera e eu fui, contente e empolgada, pronta para lhe dar colo, beijinhos e lhe cantar ao ouvido. Mas não! Disseram-me que ele sempre dormiu no berço, sozinho e que mesmo que choramingasse ia adormecer rapidamente.
Dei-lhe um beijo pouco demorado e saí do quarto escuro. O meu coração parou uns segundos e ficou ali um pedaço de mim. Um bebé não pode adormecer assim, sozinho. O meu filho não pode adormecer assim. Como é que sem o contacto de alguém ele sabe que é seguro fechar os olhos!? Jurei para mim que era a última vez.
Uma semana depois já nos exigia por perto e de mão dada. Bastaram poucos dias, para sentir que nos tinha como pais, inteiros, para sempre.
Hoje quando fores adormecer o teu bebé não hesites no colo, nos beijos, nos hábitos. Não hesites no mimo, no abraço que f**a.
Dava tudo, para durante aqueles meses em que ainda não éramos um do outro, ele ter tido companhia, todas as noites, para adormecer feliz.
Nenhum bebé devia precisar de aprender a dormir na solidão.