16/02/2025
A Associação Espanhola de Pediatria actualizou as suas recomendações sobre o acesso a ecrãs na infância e adolescência, apelando ao alargamento do período de "zero ecrãs" até aos seis anos de idade.
"Já não há dúvidas de que os meios digitais afectam a saúde a todos os níveis e em todas as idades“, explica a Dra. María Salmerón, coordenadora do grupo de trabalho ”Saúde Digital" da AEP. “Em 2016, a Academia Americana de Pediatria alertou pela primeira vez para o impacto do mundo digital na saúde e, nos últimos anos, tem-se registado um aumento progressivo de ensaios clínicos que corroboram esta ligação”, acrescenta a especialista.
O impacto do uso excessivo de ecrãs na infância e adolescência é multifatorial, afetando várias áreas relacionadas com a saúde e o bem-estar, que reduzem a qualidade de vida, como o sono, a alimentação, a fadiga visual e o volume cerebral.
A adolescência marca o fim da maturação do sistema límbico e da maturação do córtex cerebral. Os meios digitais interferem nesta idade de duas formas diferentes: aumentando a ativação da região límbica através da exposição a sistemas de gratificação imediata e diminuindo a atividade frontal. Além disso, a multitarefa relacionada com o ecrã está associada a piores resultados cognitivos, à diminuição da capacidade de filtrar as distracções e ao aumento da impulsividade, bem como à diminuição da atividade frontal devido ao efeito de deslocamento dos estímulos adequados à idade.
Recomendações
Dos 0 aos 6 anos
Ecrãs zero, não existe um limite de tempo seguro.
A título excepcional e sob a supervisão de um adulto, pode ser utilizado para o contacto social com um objetivo específico. Por exemplo, a pessoa do outro lado do ecrã pode contar uma história ou cantar uma canção.
Dos 7 aos 12 anos
Menos de uma hora (incluindo o tempo de escola e os trabalhos de casa).
Limitar a utilização de dispositivos com acesso à Internet.
Dar prioridade aos factores de proteção: acesso a actividades desportivas, relações diretas com os pares, contacto com a natureza, sono e alimentação saudáveis, etc.
Se for decidido que devem utilizar um dispositivo, recomenda-se que o façam sob a supervisão de um adulto, com dispositivos fixos e evitando a casa de banho e o quarto.
Estabelecer previamente limites claros, tanto em termos de tempo como de conteúdos adaptados à idade.
Dos 13 aos 16 anos
Menos de duas horas (incluindo o tempo de escola e os trabalhos de casa).
Se o acesso aos dispositivos for autorizado - sem ser a única medida a tomar - instalar ferramentas de controlo parental.
Dar prioridade à utilização de telemóveis sem acesso à Internet.
Atrasar a idade do primeiro smartphone (com ligação à Internet).
O documento pode ser lido na íntegra:https://www.aeped.es/sites/default/files/20241205_ndp_aep_actualizacion_plan_digital_familiar_def.pdf
Não queremos ser fundamentalistas, sabemos que muitas vezes é um desafio conseguir fazer algumas tarefas e que os ecrãs assumem o papel de manter as crias ocupadas durante um bocadinho... mas é mesmo importante que estejamos cientes do impacto que têm, para que possamos fazer escolhas verdadeiramente informadas 🤍!
📸 in Revista Educacao Publica
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