12/11/2024
Diz-se que um rio, quando está diante do imenso oceano, treme de medo.
Olha para a sua sorte, e antes de se deixar absorver pelo oceano, f**a a refletir, olha para trás e recorda toda a sua jornada, os cumes, as montanhas, as cascatas e o longo caminho sinuoso através das florestas e dos povoados.
A vastidão do oceano que tem pela frente, fá-lo acreditar que entrar nele, nada mais é do que desaparecer para sempre.
- E agora, o que hei de fazer? - pensou o rio.
Se parasse e ali f**asse, transformava-se num pântano, e para o espírito do nosso rio, ser um pântano de aguas paradas e sujas, não era o mesmo que ser um rio de águas corredias e límpidas.
Não havia outra maneira, o rio não podia voltar para trás, ninguém o pode fazer, voltar para trás é impossível na existência, apenas se pode ir em frente.
Sabendo que tinha de arriscar e avançar, o rio ganhou coragem e deixou-se abraçar pelo grande oceano.
Só quando entrou é que sentiu o medo desaparecer, e foi precisamente nesse momento que o nosso amigo rio percebeu que, em vez de desaparecer no oceano, como tanto temia, tornou-se o próprio oceano, porque foi ali que tudo começara há muito tempo atrás, quando ele partira incorporado numa nuvem e fora transportado pelo vento, para os cumes das montanhas, onde caíra numa forte chuvada…
Apenas o rio percebe, que por um lado desaparece, mas por outro renasce, mas renasce mais sábio e maduro.
E só o rio sabe que é preciso muita coragem para se tornar o oceano.