
12/07/2025
De acordo com dados de estudos recentes, a grande maioria dos abusos se***is infantis é cometida por pessoas próximas à criança — quase sempre por homens. Na sua maioria, são familiares, amigos, vizinhos ou outros adultos conhecidos da criança, como técnicos em clubes e professores.
Outros tipos de violência — física, verbal, psicológica, emocional — são muitas vezes silenciados porque são considerados "normais". Algumas vezes, são atos inconscientes, fruto da repetição do trauma ao qual o adulto agressor foi exposto quando também era criança. A ausência de consciência sobre o ato e suas repercussões, assim como a falta de literacia em saúde mental, constitui um risco.
Certa vez, fui confrontada com alguém que me disse que eu deveria ensinar a minha filha a não partilhar o que ouvia em casa. Naquele momento, confesso que não tive reação... mas não foi confortável ouvir aquilo (tenho um certo "delay" entre a exposição ao desconforto e a reação efetiva — às vezes, ainda bem, porque me dá um filtro para não reagir por impulso ter uma atitude desagradável). Mas, adiante: porque motivo eu ensinaria isso à minha filha, se não há, no nosso ambiente familiar, atos ou conversas que não possam ser falados abertamente?
Se há assuntos que não são apropriados para a criança, então simplesmente não os expomos a ela. Mas pedir que ela não fale sobre o que ouviu — não seria isso um indicador de que foi exposta a algo que não deveria? Essa criança, ao ser instruída a silenciar, pode não saber procurar ajuda externa em caso de necessidade.
O mundo exterior está mais desafiador? Talvez.
Mas o mundo "dentro de portas" esconde a exposição excessiva a conteúdos digitais impróprios, a discussões entre adultos — e entre adultos e crianças —, à repetição de padrões disfuncionais de educação e comunicação, à negligência emocional (como a desvalorização das emoções, ausência de presença e escuta), à alienação parental, à manipulação emocional com discursos carregados de culpa, comparação, desvalorização...
Num confronto sem conflito, mas suficiente para te desinquietar... Abraço-te no 🤍