
08/03/2025
A Medicina Tradicional Chinesa ensina-nos que o corpo, a mente e o ambiente estão profundamente interligados. Não basta tratar sintomas isolados – é preciso olhar para o todo. Quando uma mulher me procura, não olho apenas para o seu corpo físico, mas também para o seu mundo: a sua profissão, a qualidade das suas relações, a exposição a toxicidade ambiental e ainda as políticas sociais e a cultura em que se integra.
E a verdade é que muitas doenças das mulheres não surgem do nada.
São um reflexo de uma sociedade que normaliza dores menstruais, que adia diagnósticos, que empurra mulheres para distúrbios alimentares e burnout. De uma sociedade que desvaloriza e paga mal profissões do cuidado e educação – onde a maioria são mulheres. Uma sociedade onde a investigação médica sempre se centrou nos corpos masculinos, deixando lacunas gritantes no conhecimento sobre doenças que afetam mais as mulheres, como as doenças autoimunes e síndromes de dor crónica. Uma sociedade que impõe a cultura da superperformance e da carga mental, fazendo com que as mulheres sintam que nunca estão a fazer ou a ser o suficiente.
Por isso, para mim, praticar Medicina Tradicional Chinesa, não é só prescrever acupuntura ou suplementação. É também prescrever “dizer não”, exigir mais e melhores cuidados de saúde, rejeitar carregar o mundo e as emoções dos outros às costas. Porque tudo isso também é medicina.
E é do mais importante que há.
Feliz dia da Mulher ✨️
Ilustro com uma sugestão de leitura, dos melhores livros que tenho lido ultimamente ❤️